AS NOVAS GERAÇÕES E A LIBERDADE
INDIVIDUAL
As gerações pós 25 de Abril de
1974 pouco ou nada sabem sobre as quatro décadas de repressão do Estado Novo,
menos ainda dos desenvolvimentos políticos que se seguiram ao movimento
libertador da ditadura.
Foi um período negro da história
do país a que o Movimento das Forças Armadas pôs termo, abrindo caminho para a
conquista das liberdades individuais.
Desta forma, quantos nasceram
naquela década, viram na liberdade um valor adquirido o que está longe de
corresponder à realidade. É um bem precioso de que ideólogos saudosistas dos
sistemas totalitários, se aproveitam para lhe por fim.
Embora muito militantes do Partido
Comunista tenham sacrificado as suas vidas para derrubar o Estado Novo, é bom
saber que em 1958, «oposicionistas católicos põem em causa a legitimação do
regime como fiel interprete e cumpridor da “doutrina cristã” e conquistam o
direito de intervenção cívica e politica no campo da oposição………. O bispo do
Porto, D. António Ferreira Gomes, em carta tornada célebre, dá aval e
desenvolve os fundamentos destas criticas».(1)
Foi um tempo de união em que, independente da cor, crença e mesmo ideologia,
grande parte da sociedade civil estava motivada para a difícil tarefa da conquista
da liberdade.
Desde a minha adolescência, entre os anos 50/60 do século passado, reagi contra a ditadura do Estado Novo que
impunha as aulas da Mocidade Portuguesa como disciplina obrigatória. Nunca
comprei a farda e para não chumbar por faltas, obtive um cartão de assistente da Escola
Comercial de Oliveira Martins que me permitia assistir às aulas e fazer exames
no final do ano. Foi a forma de tirar o curso.
Nesse período tuberculizei e tive
várias recaídas até ser internado no Sanatório Rodrigues Semide no Porto num
estado de extrema gravidade.
Minha mãe que ali passava os dias e as noites sentada ao lado da minha
cama, sem assunto e sem palavras, rezava.
Eu via a morte apoderar-se de todos os meus movimentos e de todo o meu
ser.
Certo dia, com grande surpresa minha - as pessoas passavam pela janela
que ficava mesmo em frente à minha cama, olhavam para dentro do meu quarto mas sem
parar – um sujeito magro, com farta cabeleira e farfalhudo bigode, abeirou-se
do parapeito da janela e apresentou-se: Lobão Vital, também ali estava
internado, interessou-se pelo meu estado de saúde e assim iniciamos um convívio
muito agradável tanto para mim como para a minha mãe.
Aquela alma, serena, bem-disposta,
bom conversador, tinha sempre assunto. Veio quebrar um silêncio mortífero,
iluminar um quarto sombrio, dar vida onde pairava a sombra da morte.
Lobão Vital, tinha um olhar que
descobria o lado bom das coisas e de cada um, gostava dos jovens, inspirava a confiança
de um homem de bem.
O tempo passou, Lobão Vital teve
alta e eu piorei, entrei em coma durante largo tempo.
Logo que recuperei alguma saúde, Lobão Vital e
a esposa, Virgínia Moura, passaram a ser visitas semanais durante toda a minha
convalescença no Sanatório. A partir da minha vinda para Lisboa passamos a
corresponder-nos.
Este meu novo amigo, pela idade podia ser meu
pai, era um homem culto, de uma bondade e disponibilidade que me surpreendia. O
facto de se dizer ateu, e de saber que eu me esforçava por ser católico em nada
interferiu na nossa amizade.
Aconselhou-me
mesmo a ler Romain Rolland, católico, humanista, e outros autores que muito me
ajudaram na minha formação.
Mais
tarde descobri que outros comunistas aconselhavam igualmente aos jovens as mesmas
leituras.
Segundo António Pedro Pitta da
Universidade de Coimbra, também Bento de Jesus Caraça – grande figura nacional
- leitor de Romain Rolland, seguiu a indicação do Mestre. Procurou "a
mais bela harmonia, essa que é o mel negro das dissonâncias".
Tratava-se de harmonizar pontos de vista diferentes com o objetivo de criar um espirito humanista, defensor
dos Direitos do Homem.
O próprio Álvaro Cunhal, em entrevista ao Avante, considera que B. J. Caraça:
«tinha particular preferência
literária por Romain Rolland e aconselhava aos jovens a leitura de
"Jean-Christophe".
Havia, naquele tempo, um esforço conjunto de unidade pela conquista
da liberdade, como valor fundamental.
Num breve resumo, essa luta valeu ao meu amigo L. Vital 16 prisões, com
6 anos cadeia. O bispo do Porto foi obrigado ao exílio. O general Humberto Delgado
assassinado pela polícia política de Salazar, bem como inúmeros políticos, principalmente
comunistas. O número avassalador de presos políticos, não têm conta!
Até ao 25 de abril vingou um saudável espirito de unidade, que se
traduzia na combinação de esforços por forma a harmonizar pontos
de vista diferentes.
A partir do 25 de Abril, o PCP e a extrema-esquerda pretenderam impor
a unicidade, coisa bem diferente do anterior espirito de unidade.
Tratava-se, politicamente, de implementar o unanimismo,
uma consciência coletiva incompatível com a liberdade de pensamento, o
instinto, a intuição e o livre pulsar do coração de cada um.
Criaram Central Única dos Trabalhadores CGTP-IN, tudo a caminho de um
coletivo totalitário, cópia do modelo soviético.
Não vingou. São águas passadas, próprias do processo revolucionário, mas
sempre prontas a ressuscitar e a impor a sua ideologia.
Importante foi o apoio esmagador da população ao MFA, confirmado no
1º. de Maio em que o pais, unido, esteve na rua, vitorioso, o que torna despropositada
qualquer tentação partidária da apropriação do 25 de Abril.
Haverá, contudo, ter sempre presente que a conquista da liberdade não é um
valor consumado, carece de uma constante vigilância.
Persistem os ordenados miseráveis, os biliões de euros recebidos da
União Europeia são em grande parte destinados a pagar gigantescos processos de
corrupção e nada leva a supor que os biliões anunciados venham a ter melhor
destino.
Continua o leilão das promessas, com a garantia de que a corrução e os
ordenados miseráveis estão para ficar.
Desta forma, a liberdade está longe de constituir um valor irreversível.
Muitos espreitam estas fragilidades para a minar.
Deputados e governantes numa ação transversal a todos os Ministérios,
são os primeiros a criar as condições para que tal aconteça.
António Costa só consegue governar com o apoio dos partidos à sua
esquerda. Precisa então de uma moeda de troca para pagar tais apoios.
É assim que a agenda escondida dos partidos da extrema esquerda vinculam
a sua ideologia às leis que nos governam, abrangendo assim os conteúdos das
aulas de Cidadania, de forma obrigatória e transversal a todas as disciplinas.
Começam por titular «identidade
de género» o que não é mais que «ideologia
de género».
São conhecidos os resultados desastrosos de tal violência, praticada
por ideólogos que vestem a capa do humanismo
para normalizar todo o tipo de promiscuidade sexual.
O Sr. Ministro da Educação, que tanto fala em humanismo, divulgue a
cartilha humanista que o ilumina.
Citei intencionalmente Romain Rolland, humanista insuspeito que mereceu a atenção de notáveis comunistas, poderia também referir Spinosa, que personifica a ética, para afirmar que as aulas de cidadania são a negação do humanismo. Levadas ao extremo está em causa a erotização de crianças o que constitui crime.
Os conteúdos como: Incentivos à pornografia. Aceitação transgénero, mudança de sexo com apoio legal (a crianças impreparadas para tomar decisões irreversíveis). Promoção do consumo de drogas leves. Rotular e sinalizar de conservadoras crianças e famílias que se dizem católicas!
É o desenvolvimento de todo um processo pernicioso de desconstrução,
que tolhe o desenvolvimento mental das crianças. Trata-se de as formatar e
confundir, com prejuízo do tempo de estudo das matérias.
As novas gerações têm que despertar e varrer da esfera do poder os políticos “experientes” que nos vendem gato por lebre. Não lhes faltam recursos para a compra dos apoios que precisam para gerir biliões de euros dos nossos impostos e vindos da União Europeia.
A extrema-esquerda, subserviente em tais apoios, não
olha a meios para minar a estrutura familiar. Sabe tratar-se do mais sólido
refugio da independência, do amor e da proteção contra os falsos profetas que
invadem o universo com teorias indesejáveis.
“Tudo o
que existe, existe em Deus e nada pode existir nem ser conhecido sem Deus” Spinoza
1)Oposição Católica ao Estado Novo de João Miguel de Almeida
PS:
Acabo de ler no Expresso (20set.20-pag23) a opinião de um “sábio” investigador da Universidade de Coimbra, Tiago Rolinho que documenta bem o histerismo dos extremistas de esquerda ao verificarem que as pontas da sua “agenda escondida” começam a ser descobertas.
As
tentativas de ressuscitarem a mentira ideológica das ditaduras antidemocráticas, comunistas e fascistas, que condicionaram o pensamento de muitos seres
humanos, desde o nascimento até à morte, com resultados desastrosos de filhos
algozes dos pais começa, finalmente, a ser descoberta.
Quando este senhor acusa a estrema direita de impedir os avanços da liberdade e a defesa dos direitos humanos, mostra bem o seu fanatismo pelo regresso aos dogmas antidemocráticos dos sistemas totalitários que defende.
Para o Sr. Rolinho a nossa democracia é uma festa. Viva a liberdade para a corromper.
O comentário de NIETZCHE vem a propósito de eu, entre os 17/18 anos, já ter lido grande parte da sua obra