quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A EUTANÁSIA E O DESCRÉDITO DAS LEIS


 Prós e Contras - 09.04.18
Eutanásia - Chegou a altura da decisão
Quando deste Prós e Contras escrevi, no dia a seguir, neste blogue o seguinte:

«Cada dia fico mais perplexo com as leis aprovadas e mesmo com as que preparam para a Assembleia da República
..........................................................................
«…. O descrédito de  tantas Leis da Assembleia da República, espelha bem o processo traiçoeiro da iniciativa

Vem agora o 1º. Ministro confirmar «o descrédito da Lei», aprovada quando do governo de José Sócrates, relativa às competências das Camaras Municipais, considerando as mesmas inadmissíveis.
Em seu entender a Lei tem de ser mudada em face do desaire que deriva da sua aplicação para a construção do Aeroporto do Montijo.
Então, dramatiza, ao estilo de Shakespeare, acusando o PSD de um eventual descalabro!?

Este exemplo deveria levar os senhores deputados a reconhecer que os resultados da aplicação da Lei que congeminam são irreparáveis e anti-humanitários.
Acresce representarem uma pequena “elite”, sem mandato para assumirem a voz da consciência de todos.


Trata-se, assim, de silenciarem a consciência de cada um, o que, para além de antidemocrática não passa de uma cilada ao estilo de «Ricardo III».

O meu comentário ao referido «Prós e Contras» terminava com a seguinte nota:
----------
Vem a propósito uma entrevista ao Semanário Sol, da semana passada, do Dr. João Queiroz de Melo - Prémio Nacional de Saúde, Cirurgião que chefiou o 1º. transplante Cardíaco nos nossos Hospitais em que refere:

«……. Houve alguns casos de pessoas com fé que sobreviveram e não consigo perceber como. Há um caso ……. Inacreditável. Foi uma pessoa que deu provas de fé e que estava condenada face ao conhecimento médico e hoje está viva.»

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

OS ADVERSÁRIOS, OS INIMIGOS E OS OPORTUNISTAS

Surprendeu-me ouvir hoje Rui Rio afirmar, no Congresso do PSD, não ter na politica inimigos mas adversários que pensam de maneira diferente quando, ainda ontem, eu criticava, precisamente:  
« ............os políticos que se referem aos adversários ou opositores como inimigos, só porque não partilham a mesma ideologia ou o mesmo pensamento.»

08.02.2020
Ao contrário fiquei chocado com o aproveitamento abusivo de uma frase de Sá Carneiro, proferida na Assembleia Nacional de 1972, dominada por deputados fieis à ditadura. Chegaram a retirar-lhe a palavra e a correr com ele da tribuna, ao murro, ao pontapé e aos encontrões, por não alinhar com a chamada «voz do dono».
Montenegro não deve ignorar  que «por não se calarem, sob que pretexto for». muitos foram parar à cadeia.
Evocar Sá Carneiro e esta sua frase, num Congresso Partidário em 2020 é humilhante para a sua memória, próprio de quem não olha a meios na defesa de uma “agenda  pessoal”.
Os comentadores políticos que ouvi, incluindo José Manuel Fernandes, detiveram-se em banalidades, não contextualizaram os momentos, ignoraram mesmo que Sá Carneiro, defendeu causas, foi um lutador pelas liberdades individuais e pelos Direitos do Homem.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

O MEL NEGRO DAS DISSONÂNCIAS


«Procurai a mais bela harmonia, essa que é o mel negro das dissonâncias» R.R.
Este pensamento de R. Rolland, retirado do seu romance «A Alma Encantada» inspirou o titulo deste blogue.

Entre os autores que viveram o terror de duas Guerras Mundiais destacam-se Romain Rolland e Stefan Zweig. Ambos humanistas, pacifistas.

«O MUNDO DE ONTEM» de Stefan Zweig - devia ser de leitura obrigatória  -  considera R. Rolland: «O mais humano de todos os escritores». Mais à frente confessa: «Este amigo era o homem mais eminente desse momento solene para o mundo»  e  acrescenta: «Sabia que falava com a consciência moral da Europa».

R. Rolland tinha a visão do missionário que procura a fraternidade universal: «procurar o humano - sob todas as diversidades da casta, ir direito ao coração»…«Sob a diversidade do trajo, a fraternidade do sangue». RR.

O tema das dissonâncias, como as harmonizar e aplicar à vida estava sempre presente: «O trabalho do pensador (e também do sábio) está, precisamente, em apreender os contrários e explica-los por um princípio superior….». R.R.

Vem isto a propósito, principalmente, dos políticos que se referem aos adversários ou opositores como inimigos, só porque não partilham a mesma ideologia ou o mesmo pensamento.

Distinguem os amigos que pensam do mesmo modo com o elogio: «É amigo do seu amigo», como de grande virtude se trata-se.
Tudo gente “muito humana”!

R. Rolland lutou sempre por salvar valores e afinidades, confessa:

«Nada me toca tanto como o testemunho de simpatia que mutuamente se tributam dois homens de pensamento diferente e, sob certos aspetos, oposto. Sou-lhe, quase, mais sensível que à simpatia entre dois companheiros de pensamento e de ação. Sinto no primeiro esta fraternidade em Deus que sempre me pareceu o mais alto  ideal à face da terra.» RR

Sonhava, assim, edificar uma entente dos homens de boa vontade.