quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A SEIVA TRUPE: TEATRO AO VIVO REGRESSA À NORMALIDADE POSSÍVEL

 NAS ONDAS INSTÁVEIS DA COVID E DE JÚRIS AD-HOC…


A SeivaTrupe:TeatoVivo regressa à normalidade possível - condicionada quer pela Covid, quer pelos inenarráveis júris ad-hoc que decidem o que lhes dá na gana, à margem da própria tutela – com o texto de José Jorge Letria, “O ESTREITO” (não sujeito a essa triagem arbitrária, mas apoiado directamente pela DGArtes e o Fundo de Fomento Cultural). Sem prescindir da essência do próprio teatro (e das artes cénicas em geral) da co-presencialidade artistas/públicos.
Narrativa dos preparativos da Viagem de Circum-Navegação de Fernão Magalhães em plenos 500 Anos da Efeméride, a obra de Letria é uma estreia mundial. Tal como o é a primeira incursão num modelo teatral, até à data inédito, pelo menos em Portugal, designado por ‘Tabuleiros Teatrais’. Concebeu-o cenograficamente José Carlos Barros e interpretam a obra Sandra Salomé, Miguel Branca e Rui Spranger; e os jovens Bernardo Sarmento e Carlos Batista do BEST-Banco de Estagiários da Seiva Trupe. Os figurinos são desenhados por uma jovem criadora, Filipa Carolina, e a adaptação dramatúrgica (autorizada pelo autor) e encenação são de Castro Guedes, director artístico da S.T.  e ‘inventor’ do ‘modelo’ dos tais Tabuleiros*.
Pensado o objecto artístico cénico em modelos de grande portabilidade – neste caso visando principalmente escolas e em digressão -, a ante-estreia está agendada para final de Novembro, em espaço a determinar no Porto, sendo a estreia propriamente dita a 3 de Dezembro no Auditório da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa.
Depois… Depois se verá por que mares esta ‘viagem’ pode acontecer: disso se dará conta em momento oportuno, se não faltar o ânimo e a vontade de quem decida nos projectos que se têm em mente…

*Proximamente se falará de como é, porque é e para que é o modelo em causa.
Texto e foto: Seiva Trupe

domingo, 6 de setembro de 2020

CIDADANIA

 

AS NOVAS GERAÇÕES E A LIBERDADE INDIVIDUAL

As gerações pós 25 de Abril de 1974 pouco ou nada sabem sobre as quatro décadas de repressão do Estado Novo, menos ainda dos desenvolvimentos políticos que se seguiram ao movimento libertador da ditadura.

Foi um período negro da história do país a que o Movimento das Forças Armadas pôs termo, abrindo caminho para a conquista das liberdades individuais.

Desta forma, quantos nasceram naquela década, viram na liberdade um valor adquirido o que está longe de corresponder à realidade. É um bem precioso de que ideólogos saudosistas dos sistemas totalitários, se aproveitam para lhe por fim.

Embora muito militantes do Partido Comunista tenham sacrificado as suas vidas para derrubar o Estado Novo, é bom saber que em 1958, «oposicionistas católicos põem em causa a legitimação do regime como fiel interprete e cumpridor da “doutrina cristã” e conquistam o direito de intervenção cívica e politica no campo da oposição………. O bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, em carta tornada célebre, dá aval e desenvolve os fundamentos destas criticas».(1)

Foi um tempo de união em que, independente da cor, crença e mesmo ideologia, grande parte da sociedade civil estava motivada para a difícil tarefa da conquista da liberdade.

Desde a minha adolescência, entre os anos 50/60 do século passado, reagi contra a ditadura do Estado Novo que impunha as aulas da Mocidade Portuguesa como disciplina obrigatória. Nunca comprei a farda e para não chumbar por faltas, obtive um cartão de assistente da Escola Comercial de Oliveira Martins que me permitia assistir às aulas e fazer exames no final do ano. Foi a forma de tirar o curso.

Nesse período tuberculizei e tive várias recaídas até ser internado no Sanatório Rodrigues Semide no Porto num estado de extrema gravidade.

Minha mãe que ali passava os dias e as noites sentada ao lado da minha cama, sem assunto e sem palavras, rezava.

Eu via a morte apoderar-se de todos os meus movimentos e de todo o meu ser.

Certo dia, com grande surpresa minha - as pessoas passavam pela janela que ficava mesmo em frente à minha cama, olhavam para dentro do meu quarto mas sem parar – um sujeito magro, com farta cabeleira e farfalhudo bigode, abeirou-se do parapeito da janela e apresentou-se: Lobão Vital, também ali estava internado, interessou-se pelo meu estado de saúde e assim iniciamos um convívio muito agradável tanto para mim como para a minha mãe.

Aquela alma, serena, bem-disposta, bom conversador, tinha sempre assunto. Veio quebrar um silêncio mortífero, iluminar um quarto sombrio, dar vida onde pairava a sombra da morte.

Lobão Vital, tinha um olhar que descobria o lado bom das coisas e de cada um, gostava dos jovens, inspirava a confiança de um homem de bem.

O tempo passou, Lobão Vital teve alta e eu piorei, entrei em coma durante largo tempo.

 Logo que recuperei alguma saúde, Lobão Vital e a esposa, Virgínia Moura, passaram a ser visitas semanais durante toda a minha convalescença no Sanatório. A partir da minha vinda para Lisboa passamos a corresponder-nos.

 Este meu novo amigo, pela idade podia ser meu pai, era um homem culto, de uma bondade e disponibilidade que me surpreendia. O facto de se dizer ateu, e de saber que eu me esforçava por ser católico em nada interferiu na nossa amizade.

Aconselhou-me mesmo a ler Romain Rolland, católico, humanista, e outros autores que muito me ajudaram na minha formação.

Mais tarde descobri que outros comunistas aconselhavam igualmente aos jovens as mesmas leituras.

Segundo António Pedro Pitta da Universidade de Coimbra, também Bento de Jesus Caraça – grande figura nacional - leitor de Romain Rolland, seguiu a indicação do Mestre. Procurou "a mais bela harmonia, essa que é o mel negro das dissonâncias".

Tratava-se de harmonizar pontos de vista diferentes com o objetivo de criar um espirito humanista, defensor dos Direitos do Homem.

O próprio Álvaro Cunhal, em entrevista ao Avante, considera que B. J. Caraça: «tinha particular preferência literária por Romain Rolland e aconselhava aos jovens a leitura de "Jean-Christophe".

Havia, naquele tempo, um esforço conjunto de unidade pela conquista da liberdade, como valor fundamental.

Num breve resumo, essa luta valeu ao meu amigo L. Vital 16 prisões, com 6 anos cadeia. O bispo do Porto foi obrigado ao exílio. O general Humberto Delgado assassinado pela polícia política de Salazar, bem como inúmeros políticos, principalmente comunistas. O número avassalador de presos políticos, não têm conta!

Até ao 25 de abril vingou um saudável espirito de unidade, que se traduzia na combinação de esforços por forma a harmonizar pontos de vista diferentes.

A partir do 25 de Abril, o PCP e a extrema-esquerda pretenderam impor a unicidade, coisa bem diferente do anterior espirito de unidade.

Tratava-se, politicamente, de implementar o unanimismo, uma consciência coletiva incompatível com a liberdade de pensamento, o instinto, a intuição e o livre pulsar do coração de cada um.

Criaram Central Única dos Trabalhadores CGTP-IN, tudo a caminho de um coletivo totalitário, cópia do modelo soviético.

Não vingou. São águas passadas, próprias do processo revolucionário, mas sempre prontas a ressuscitar e a impor a sua ideologia.

Importante foi o apoio esmagador da população ao MFA, confirmado no 1º. de Maio em que o pais, unido, esteve na rua, vitorioso, o que torna despropositada qualquer tentação partidária da apropriação do 25 de Abril.

Haverá, contudo, ter sempre presente que a conquista da liberdade não é um valor consumado, carece de uma constante vigilância.

Persistem os ordenados miseráveis, os biliões de euros recebidos da União Europeia são em grande parte destinados a pagar gigantescos processos de corrupção e nada leva a supor que os biliões anunciados venham a ter melhor destino.

Continua o leilão das promessas, com a garantia de que a corrução e os ordenados miseráveis estão para ficar.

Desta forma, a liberdade está longe de constituir um valor irreversível. Muitos espreitam estas fragilidades para a minar.

Deputados e governantes numa ação transversal a todos os Ministérios, são os primeiros a criar as condições para que tal aconteça.

António Costa só consegue governar com o apoio dos partidos à sua esquerda. Precisa então de uma moeda de troca para pagar tais apoios.

É assim que a agenda escondida dos partidos da extrema esquerda vinculam a sua ideologia às leis que nos governam, abrangendo assim os conteúdos das aulas de Cidadania, de forma obrigatória e transversal a todas as disciplinas.

Começam por titular «identidade de género» o que não é mais que «ideologia de género».

São conhecidos os resultados desastrosos de tal violência, praticada por ideólogos que vestem a capa do humanismo para normalizar todo o tipo de promiscuidade sexual.

O Sr. Ministro da Educação, que tanto fala em humanismo, divulgue a cartilha humanista que o ilumina.   

Citei intencionalmente Romain Rolland, humanista insuspeito que mereceu a atenção de notáveis comunistas, poderia também referir Spinosa, que personifica a ética, para afirmar que as aulas de cidadania são a negação do humanismo. Levadas ao extremo está em causa a erotização de crianças o que constitui crime.

Os conteúdos como: Incentivos à pornografia. Aceitação transgénero, mudança de sexo com apoio legal (a crianças impreparadas para tomar decisões irreversíveis). Promoção do consumo de drogas leves. Rotular e sinalizar de conservadoras crianças e famílias que se dizem católicas!

É o desenvolvimento de todo um processo pernicioso de desconstrução, que tolhe o desenvolvimento mental das crianças. Trata-se de as formatar e confundir, com prejuízo do tempo de estudo das matérias.

As novas gerações têm que despertar e varrer da esfera do poder os políticos “experientes” que nos vendem gato por lebre. Não lhes faltam recursos para a compra dos apoios que precisam para gerir biliões de euros dos nossos impostos e vindos da União Europeia.

A extrema-esquerda, subserviente em tais apoios, não olha a meios para minar a estrutura familiar. Sabe tratar-se do mais sólido refugio da independência, do amor e da proteção contra os falsos profetas que invadem o universo com teorias indesejáveis.

 “Tudo o que existe, existe em Deus e nada pode existir nem ser conhecido sem Deus” Spinoza 

1)Oposição Católica ao Estado Novo de João Miguel de Almeida

PS:

Acabo de ler no Expresso (20set.20-pag23) a opinião de um “sábio” investigador da Universidade de Coimbra, Tiago Rolinho que documenta bem o histerismo dos extremistas de esquerda ao verificarem que as pontas da sua “agenda escondida” começam a ser descobertas.

As tentativas de ressuscitarem a mentira ideológica das ditaduras antidemocráticas, comunistas e fascistas, que condicionaram o pensamento de muitos seres humanos, desde o nascimento até à morte, com resultados desastrosos de filhos algozes dos pais começa, finalmente, a ser descoberta.

Quando este senhor acusa a estrema direita de impedir os avanços da liberdade e a defesa dos direitos humanos, mostra bem o seu fanatismo pelo regresso aos dogmas antidemocráticos dos sistemas totalitários que defende.

Para o Sr. Rolinho a nossa democracia é uma festa. Viva a liberdade para a corromper.

Alameda D. Afonso Henriques - Lisboa
Av.Rio de Janeiro - Frente INATEL


Sanatório Rodrigues Semide - Porto




O comentário de NIETZCHE vem a propósito de eu, entre os 17/18 anos, já ter lido grande parte da sua obra