terça-feira, 19 de setembro de 2023

UMA VIDA DEDICADA AO PRESTIGIO DAS ARTES E DA CIDADE DO PORTO

 








 Acompanho desde tenra idade e ao longo de décadas, de perto ou de longe, o esforço contínuo, persistente e criativo deste grande amigo da sua cidade, fundador do Teatro Seiva Trupe – Teatro Vivo, com António Reis e Estrela Novais, no dia 11 de setembro de 1973.

Neste mesmo dia celebra os 50 anos de vida do Seiva Trupe, uma criação teatral da maior intensidade dramática!

 

FIQUEI ESPANTADO !!!

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Recordo apelo de 2020 às entidades governamentais.

 

«PELO PORTO E PELO NORTE, PELA CULTURA E PELA CIDADANIA!

. . . Este verdadeiro estandarte do Porto, do Norte, da Cultura, da Cidadania, por ela passaram e  dela surgiram não só gerações de artistas de teatro nesta Região, mas também os que foram pela primeira vez ver Teatro e espectadores de Teatro dela e de outros grupos permaneceram, permanecem e querem que não lhes seja retirado esse direito. Por isso não nos conformamos com a decisão do futuro dos grupos de teatro e neste caso da Seiva Trupe como símbolo dessa injustiça. Não aceitamos que hoje a Seiva Trupe, hoje, amanhã outros símbolos do Porto e do Norte, da Cultura e da Cidadania, possam ser atropelados por decisões de pessoas que só por má fé ou o mais completo desconhecimento decidem em completa inconsciência. Assim, apelamos à Senhora Ministra para que reverta esta decisão e chame a si o que é uma responsabilidade política que lhe foi delegada democraticamente por um Governo que resulta da escolha por vontade do voto. Goste-se mais ou goste-se menos é este o Governo de Portugal, é este o Governo que há-de ter a última palavra. Afinal, são os cidadãos os espectadores e como tal devem ser os principais beneficiários do uso dos dinheiros públicos visando a Criação.

O PORTO E O NORTE NÃO SE VERGAM, A CULTURA E A CIDADANIA NÃO SE ADIAM»

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É esta nobreza de carater, é esta lealdade e dedicação da gente do Norte, é este distintivo que a distingue do resto do país. L. Cordeiro

terça-feira, 12 de setembro de 2023

O CANTO DO CISNE de Tchekhov - HOMENAGEM A JÚLIO CARDOSO










 Ontem, dia 11, a Seiva Trupe - Teatro Vivo estreou na sua nova Sala (SALA ESTÚDIO PERPÉTUO, Rua Costa Cabral, 128, Porto) um espectáculo, que é todo ele, um símbolo recheado de razões para ser o espectáculo dos 50 Anos. É o CANTO DO CISNE de Tchekhov. Uma evocação de um 'velho' actor sobre as suas memórias teatrais. Feito em co-produção com o Teatro Nacional de São João, por proposta do seu Director Artístico, NUNO CARDOSO, que o encena também, quis, com  ele homenagear JÚLIO CARDOSO, que o interpreta e, por ele, a própria SEIVA TRUPE.

De forma extraordinariamente comovente e num exercício de mestria da arte de representar, o actor, por opção dramatúrgica do encenador, conta também memórias suas e da Seiva Trupe. No cartaz oficial concebido pelo TNSJ, sobressai um "ESPANTA-ME", que é tudo quanto o espectáculo, inteligentemente construído pelo encenador, com toda a sensibilidade  e saber de Júlio Cardoso nos traz naqueles 55 minutos por onde perpassam alegrias, tristezas, nostalgias e alguma esperança. Seria mesmo desaproveitar uma tão rara oportunidade de não ir ver: UNICAMENTE E ININTERRUPTAMENTE ATÉ DIA 17 DE SETEMBRO  ÀS 19:30. (com o Metro do Marquês a 100 metros e dois parques automóveis perto). Bilhetes disponíveis em: https://bit.ly/OCantoDoCisne Informações/Bilheteira 22 340 19 10 Contamos NATURALMENTE consigo.

Fotos e texto: Seiva Trupe

HISTÓRIAS DA VIDA FEITAS COM PAIXÃO E VERDADE


 ESTRELA NOVAIS
(Fundadora da Seiva Trupe juntamente com António Reis e Júlio Cardoso)

Recordo o fim de tarde em 11 de Setembro de 1973 no GRUPO dos MODESTOS onde estavam comigo António Reis, Júlio Cardoso, anunciando aos seus convidados, entre eles actores do TEATRO EXPERIMENTAL DO PORTO, a fundação da SEIVA-TRUPE. No mesmo dia um golpe militar no CHILE derrubava com brutal violência o presidente Salvador Allende, democraticamente eleito em 1970. Este facto reforçou os nossos propósitos em sermos um complemento cultural na cidade do Porto, apostarmos na divulgação da dramaturgia ibérica e na descentralização teatral.
TANTO TEMPO! 50 ANOS! ESPERANDO QUE ESSE MUITO TEMPO SE CHAMARÁ “SEMPRE”!
OBRIGADA A TODOS OS TÉCNICOS, ACTORES E ACTRIZES, ENCENADORES, DRAMATURGOS, MÚSICOS E CENÓGRAFOS que fizeram esta lindíssima e inesquecível viagem. OBRIGADA aos meus colegas que já partiram e amados - ANTÓNIO REIS - AUGUSTO MORAIS - CARLOS LACERDA - JOÃO GUEDES - LUÍS ALVES - LUÍS CUNHA e ainda a BERNARDO SANTARENO - JOSÉ RODRIGUES - NORBERTO BARROCA e PAULINO GARCIA.
Obrigada ao PÚBLICO que nos acarinhou, nos aplaudiu e continua a acreditar na Seiva -Trupe. Porque tenho a certeza, contrariando VASSILI VASSILITCH, personagem de “O CANTO DO CISNE” de ANTON TCHEKOV, que o PÚBLICO NUNCA MAIS ESQUECE OS SEUS PALHAÇOS. As cerimónias que ficam na história da vida são feitas com PAIXÃO E VERDADE!

Texto e foto: Seiva Trupe

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

"O CANTO DO CISNE" de Tchécov. HOMENAGEM AO JÚLIO CARDOSO



 

Um actor debate-se na alegria e na dor com as suas memórias. É "O CANTO DO CISNE" de Tchécov. Ao que o encenador Nuno Cardoso (Director do Teatro Nacional de São João, pediu ao actor Júlio Cardoso (fundador da Seiva Trupe) que misturasse dramaturgicamente histórias do próprio, num espectáculo, em co-produção com a Seiva Trupe, que é homenageada através da própria homenagem ao Júlio Cardoso. De 11 a 17, ininterruptamente, às 19:30 na Sala Estúdio Perpétuo (a nova residência da Seiva Trupe, na Rua Costa Cabral, 128, Porto), è a forma mais bela de assinalar os 50 Anos da Seiva...

Para ver na Sala Estúdio Perpétuo de 11 a 17 de Setembro.

Bilhetes disponíveis em: 
https://bit.ly/OCantoDoCisne

producao.seivatrupe@gmail.com

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

PROCURAI A MAIS BELA HARMONIA


 «O abuso da mais santa religião produziu um grande crime. É, pois, do interesse do género humano examinar a questão de saber se a religião deve ser caridosa ou barbara».   Voltaire –Tratado Sobre a Tolerância.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

HOMENAGEM AO JÚLIO CARDOSO NO TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO


Numa co-produção com o Teatro Nacional de São João, no exacto dia em que a Seiva Trupe – Teatro Vivo completa os seus 50 Anos, sobe à cena um “O CANTO DO CISNE”, que Nuno Cardoso (director do espetáculo e do TNSJ), quis constitui em Homenagem ao Júlio Cardoso, num desfilar de memórias que cruzam o texto de Tchécov com as memórias do próprio Júlio Cardoso.

Temos, pois, “O CANTO DO CISNE” na Sala Estúdio Perpétuo (Rua de Costa Cabral, 128), novo local de residência da Seiva Trupe, como é sabido. 7 sessões num non-stop, realizam-se TODOS OS DIAS às 19:30, no que se constitui noutra prova de fulgor do actor homenageado.

Por lapso, na Newsletter anterior indicámos o final da carreira a 16, mas não é: dia 17 é que é o último dia.
De seguida, a Seiva Trupe procurará levar estes dois espetáculos por mais salas do País, mas, não tendo apoio sustentado, dependerá do interesse e pagamentos de terceiros. Vamos trabalhar e fazer fé de que sim
.

Última edição do jornal Artes Entre As Letras

Fotos e texto: Seiva Trupe

O Bispo do Porto e o espetáculo “Temos Mãe, Temos Maria”.


 O Bispo do Porto assistiu a um  espetáculo “Temos Mãe, Temos Maria”.

O Bispo afirmou "Quando se conjuga um texto soberbo com interpretações geniais, o produto é sublime", também reiterou que é o primeiro subscritor da importância de não deixar morrer a Seiva Trupe.

Em colaboração com a Comissão Organizadora da Diocese do Porto da Jornada Mundial da Juventude e do Cabido Portucalense, com o apoio da Misericórdia do Porto, com a cedência da sua Igreja Privativa na Rua das Flores, o texto de Castro Guedes “TEMOS MÃE, TEMOS MARIA”, em criação da Seiva Trupe, com encenação de Castro Guedes e interpretação de João Carlos Soares (Harpa), Kátia Guedes e Miguel Branca, ali realizou 6 sessões, abrangendo um total de 515 espectadores. 

Foto e texto: Seiva Trupe

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

O DESPERTAR DOS HEROIS DO FUTURO




Parque Eduardo VII - LISBOA

A Jornada Mundial da Juventude de Lisboa 2023 ficará na história da cidade, de Portugal e do Mundo Livre como um dos acontecimentos mais importantes deste século.

Assistimos ao despertar dos heróis do futuro. Aqueles que vão tornar o impossível, possível.

Como?

«… Os heróis do futuro serão aqueles que forem capazes de colocar o bem comum à frente dos interesses pessoais» Prova F – 18 anos.

Ver a alegria contagiante de milhares incontáveis de jovens que respondem à chamada do Papa Francisco para mudarem o mundo em que vivemos é verdadeiramente inspirador e deveria constituir uma lição para o mundo em particular para Portugal.

Saliento que o Papa Francisco logo no início do seu pontificado considerou o abuso de crianças como «o pior dos crimes».

Não foi ouvido pelos bispos de Portugal.

A comprová-lo o seu encontro cara a cara com as vítimas dos abusos, contra natura, perpetrados pelo clero em Portugal, assumiu a vergonha e pediu perdão às mesmas, coisa que os Bispos de Portugal nunca fizeram.

Pelo contrário tudo procuraram esconder desacreditando mesmo uma Comissão Independente constituída por pessoas de um conhecimento e seriedade inquestionáveis, considerando irrelevante o grito de mais de mais de 4.500 vítimas, comprovado pelos tribunais constantes no Relatório da referida Comissão Independente.

Ao contrário, tudo pretenderam resolver com uma retórica e dialética que despreza a realidade objetiva dos factos e a verdade.

Para além do seu encontro com as vítimas, olhos nos olhos, o bispo de Roma responsabilizou a igreja de Portugal pelo seu mau testemunho.

Bastaria aos bispos portugueses prestar atenção às crianças e aos jovens com quem todos temos muito a aprender e que, na sua simplicidade, nos levam ao encontro da realidade objetiva dos factos e da verdade.

Exemplo do que precede está nos comentários de duas crianças com 12 e 16 anos e de uma jovem com 18 anos a alguns temas da carta Fratelli Tutti do Papa Francisco. Leiam, garantidamente não perdem o vosso tempo.

Atrevo-me mesmo a dizer que os próprios bispos aproveitariam com a sua leitura: https://pugadassis.blogspot.com/2023/07/ao-encontro-da-realidade-objetiva-dos.html

«… O abuso da mais santa religião produziu um grande crime. É, pois, do interesse do género humano examinar a questão de saber se a religião deve ser caridosa ou barbara». Voltaire –Tratado Sobre a Tolerância, disponível em: https://athena.unige.ch/athena/


 

sábado, 29 de julho de 2023

AO ENCONTRO DA REALIDADE OBJETIVA DOS FACTOS E DA VERDADE.

AO ENCONTRO DA REALIDADE DOS FACTOS E DA VERDADE.

Três netas aceitaram um convite para responder a um Concurso para férias.

Aproveitei a JMJ para as introduzir na Encíclica Fratelli Tutti, que em meu entender, contém os fundamentos para um Mundo Melhor. Precisa de ser lida devagar e, tal como a Fé, confirmada por atos, como forma de fazer frente a este mundo cada vez mais perigoso, subjugado por superstições e ideias falsas acerca da Divindade.

O apelo do Papa Francisco aos jovens: “Recusem a convocatória ao isolamento. Mudem o Mundo”, vai precisamente no sentido de inverter uma cultura de isolamento onde prevalece o interesse pessoal.

Da referida Encíclica Fratelli Tutti selecionei nove números que distribui em função das idades.

Cada uma destacava de cada número o que mais a tinha sensibilizado e transcrevia-o entre aspas. De  seguida descrevia a motivação de tal escolha, desenvolvendo a resposta, sempre em função da especificidade do conteúdo do número:  (C – comentário).

Confessaram-me ter gostado dos temas o que muito contribuiu, por certo, para o resultado das provas me ter surpreendido, tendo em conta as idades. Em meu entender adultos não fariam melhor.

Para além da Festa que simboliza a presença do Papa Francisco, a melhor homenagem que lhe podemos prestar será correspondermos aos seus apelos, focados na realidade objetiva dos factos, na verdade, caminho seguro para a harmonia, a amizade, fraternidade e a paz.

Foi com este espírito que pedi aos pais e às netas permissão para divulgar as suas provas.

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CARTA ENCÍCLICA
FRATELLI TUTTI
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
SOBRE A FRATERNIDADE
E A AMIZADE SOCIAL

6º. CONCURSO - Ao encontro da realidade objetiva e da verdade

30- “O isolamento e o fechamento em nós mesmos e nos próprios interesses nunca serão o caminho para voltar a dar esperança e realizar uma renovação, mas é a proximidade, a cultura do encontro.”

C- Hoje em dia as pessoas muitas das vezes optam por ficar em casa nos telefones em vez de sair à rua, isolando-se do mundo real sem terem a cultura do encontro que é uma das coisas mais importantes para o ser humano. Nós devemos sair de casa para estar em contacto com a natureza em vez de nos fecharmos e vivermos num mundo de fantasia sem encararmos os nossos problemas sem falarmos uns com os outros e partilharmos as nossas aventuras ou até vivê-las juntos em vez de estarmos a falar ou a olhar para um ecrã, ou a ver as experiências dos outros.

47-“Assim, as pessoas ou situações que feriam a nossa sensibilidade ou nos causam aversão, hoje são simplesmente eliminadas nas redes sociais, construindo um círculo virtual que nos isola do mundo em que vivemos”

C- A internet também nos facilita a vida como por exemplo tem as respostas para quase tudo, mas não só, também nos faz não ter de enfrentar os nossos problemas não só com as pessoas que estão nas redes sociais mas também com as pessoas do nosso dia-a-dia. O que primeiro até pode parecer bom, viver dentro duma fantasia e não ter de lidar com os problemas do mundo real, mas por não lidarmos com os problemas não quer dizer que eles desapareçam até pelo contrário eles vão-se agravando mais e mais até já não haver volta a dar.

49-“ Por sua lógica intrínseca, esta dinâmica impede aquela reflexão serena que poderia levar-nos a uma sabedoria comum “

C- Antigamente as pessoas cultivavam o encontro, o que não se vê acontecer hoje em dia, pois é mais fácil ficar sentados em casa a falar com os amigos por mensagens. Mas devemos falar com eles pessoalmente, não através de um ecrã, pois falando através de um ecrã não conseguimos expressar tão bem a nossa opinião nem refletir tão bem na do outro.

50-"A acumulação esmagadora de informações, não significa maior sabedoria.”

C- Na internet nós conseguimos encontrar todo o tipo de informações, o que não quer dizer que elas sejam verdadeiras ou úteis para o nosso dia-a-dia. Nós no entanto devemos filtrar o que queremos ver e não enchermos a nossa cabeça de informações que não nos ensinam nada. Pois a sabedoria não vem das redes sociais ou da internet mas sim da leitura de grandes obras, do encontro e da troca de ideias entre as pessoas.

R. 12 anos

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CARTA ENCÍCLICA
FRATELLI TUTTI
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
SOBRE A FRATERNIDADE
E A AMIZADE SOCIAL

6º CONCURSO - Ao encontro da realidade objetiva e da verdade

30- «O isolamento e o fechamento em nós mesmos ou nos próprios interesses nunca serão o caminho para voltar a dar esperança e realizar uma renovação, mas é a proximidade, a cultura do encontro.»

C- Atualmente, tal como é dito neste ponto, o desfalecimento da cultura do encontro é cada vez maior, a população humana parece esquecer-se de que todos vivemos no mesmo mundo, todos o partilhamos. É um mundo imperfeito com cada vez mais problemas e injustiças, mas hoje em dia cada pessoa cria o seu próprio mundo, levando em consideração apenas os seus pensamentos e problemas pessoais ficando completamente abstraídos da realidade fazendo com que as dificuldades globais se agravem ou se multipliquem. Por isto, destaquei a frase indicada pois mostra que ao nos fecharmos no nosso próprio mundo apenas acentuamos e deixamos passar aquilo para o que deveríamos estar a procurar solução através da cultura do encontro.

43- «Além disso, «os meios de comunicação digitais podem expor ao risco de dependência, isolamento e perda progressiva de contacto com a realidade concreta, dificultando o desenvolvimento de relações interpessoais autênticas»»

C- A comunicação digital é muito comum e cada vez mais usada, mas apenas causa o individualismo e facilita a propaganda de notícias que diferem da verdade. O ser humano precisa do convívio pois é um ser social, no entanto se duas pessoas apenas comunicam através de aparelhos digitais em que não há maneira de saber se o que dizem é verdade ou não ou se realmente sentem o que escrevem, para a outra pessoa é muito difícil construir confiança e amizades que se baseiem em sentimentos reais. Com isto quero dizer que a comunicação digital não é suficiente para construir confiança ou para saber distinguir corretamente a realidade concreta das coisas, para além do mais, ao contrário do pensamento geral, não é na internet que se encontra a cultura mas sim nos livros escritos por autores que reconhecem a realidade.

47- «Hoje, porém, tudo se pode produzir, dissimular, modificar. Isto faz com que o encontro direto com as limitações da realidade se torne insuportável.»

C- Mais uma vez é mencionado isolarmo-nos do mundo pois pensamos que a verdade não são factos, mas sim aquilo que nós queremos que seja. Para muitas pessoas a realidade é algo que elas preferem ignorar, é algo complicado que é difícil de enfrentar ora porque, se a enfrentarem torna-se mais real ora porque não se querem dar ao trabalho de reconhecer os problemas e enfrentá-los, mas isso é apenas uma ilusão de resolução para esses mesmos problemas pois eles não vão desaparecer apenas se vão agravar.

49- «Cria-se um novo estilo de vida, no qual cada um constrói o que deseja ter à sua frente, excluindo tudo aquilo que não se pode controlar ou conhecer superficial e instantaneamente. Por sua lógica intrínseca, esta dinâmica impede aquela reflexão serena que poderia levar-nos a uma sabedoria comum.»

C- Com tantas escolhas á nossa disposição estamos inclinados a escolher aquilo em que acreditamos, nas modificações que para nós fazem mais sentido, mas é esquecido que todos somos diferentes sendo assim impossível concordar com tudo. Contudo factos são factos, são a realidade e, para se chegar á conclusão de que podemos estar errados e que nem tudo o que vimos na internet é a realidade precisamos de nos ouvir uns aos outros, comunicar as nossas ideias, entender o ponto de vista dos outros e refletir sobre o mesmo, só assim saímos da ignorância e obtemos sabedoria comum. A realidade objetiva das coisas não é algo que o ser humano possa inventar, é algo que existe e o ser humano apenas tem de aceitar e reconhecer, trabalhando para atingir um mundo mais próximo da verdade possível.

50- «Assim, a liberdade transforma-se numa ilusão que nos vendem, confundindo-se com a liberdade de navegar frente a um visor. O problema é que um caminho de fraternidade, local e universal, só pode ser percorrido por espíritos livres e dispostos a encontros reais.»

C- A quantidade esmagadora de informação que nos é fornecida hoje em dia não significa mais sabedoria tal como é dito no texto, na verdade, até nos oferece maior ignorância e apenas quem está disposto a sair da sua bolha e a procurar encontrar os factos, as verdades questionando a informação comunicada é que consegue encontrar o caminho da fraternidade. A ilusão da realidade apenas transforma o mundo em que vivemos também numa ilusão, em que parece já não dar importância à realidade objetiva das coisas pondo-a de parte causando os problemas que neste mundo existem.

198- «Aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contacto: tudo isto se resume no verbo «dialogar».»

C- Ao contrário do que é pensado regularmente, o diálogo não é apenas falar, não é apenas comunicar algo. Para que realmente haja um diálogo entre duas pessoas é preciso que ambas se esforcem por entender os diferentes pontos de vista, é preciso ouvir-se a si mesmo tal como ouvimos os outros, procurar conhecer a realidade e não apenas presumir que alguma coisa é verdade apenas porque nos foi dito que sim, o diálogo é realmente impactante.

199. «O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade.»

C- Apenas podemos aprender com o diálogo. Podemos dialogar sobre qualquer assunto e no final verificamos que desenvolvemos o mesmo, ganhamos mais conhecimento, damos e recebemos permanecendo sempre fiéis à verdade. Em vez de fugirmos da realidade aceitamo-la como ela é. O diálogo une-nos, cria conexões uns com os outros expõe a realidade objetiva das coisas e ajuda-nos a crescer como pessoas pois ajuda-nos a enfrentar a realidade em vez de fugirmos da mesma oferecendo-nos assim um mundo sem ignorância.

C. 16 anos

 

CARTA ENCÍCLICA
FRATELLI TUTTI
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
SOBRE A FRATERNIDADE
E A AMIZADE SOCIAL

6.º CONCURSO - Ao encontro da realidade objetiva e da verdade

16- “Nesta luta de interesses que nos coloca a todos contra todos, onde vencer se torna sinónimo de destruir, como se pode levantar a cabeça para reconhecer o vizinho ou ficar ao lado de quem está caído na estrada?”

C- No ponto anterior, o Papa Francisco chama a atenção para um mecanismo utilizado por vários políticos para alcançar o poder: em vez de um “debate saudável sobre projetos a longo prazo para o desenvolvimento de todos e o bem comum”, estes recorrem à difamação e ridicularização dos opositores, induzindo e manipulando a população, que acaba por se submeter ao poder do mais forte, sem ter a oportunidade de refletir acerca dos valores do lado oposto.

Este fenómeno, onde “vencer se torna sinónimo de destruir”, não se reflete só na vida política: também na vida quotidiana há um desequilíbrio de forças e de poder, e são cada vez mais raras as ações que refletem a empatia pelo próximo e a valorização do bem comum sobre o interesse próprio.

Assim, a desintegração da sociedade torna-se cada vez mais visível, e a esperança de alcançar um mundo harmonioso e justo esmorece.

30- “O isolamento, não; a proximidade, sim”

C- Neste item, o Papa Francisco salienta a importância da proximidade e da cultura do encontro como chaves para alcançar a justiça e a paz, condenando o isolamento e a imersão nos próprios interesses como obstáculo a este alcance.

Por vezes, temos a ilusão de que podemos viver a vida focados apenas em nós próprios, nos nossos interesses e problemas, e que não precisamos de ninguém, por isso também não temos de pensar em ninguém. Este é o pensamento que nos leva a isolarmo-nos e a refugiarmo-nos numa bolha que nos afasta do mundo real e do nosso sentido humano e fraternal.

É com este isolamento progressivo que o sentido de união e fraternidade para com o próximo se vão perdendo, no engano de que podemos viver distanciados de problemas alheios, no nosso próprio mundo.

O Papa Francisco procura abrir-nos os olhos para que não nos deixemos levar por tal ilusão, pois é apenas através da convivência, da proximidade, da cultura do encontro, que podemos atingir a paz.

É ao encararmos o facto de que “nos encontramos todos no mesmo barco”, e ao sermos confrontados com as diferentes realidades, que não correspondem apenas à nossa, que podemos aprender a viver em harmonia, conciliando as divergências que fazem parte do mundo real, e aprendendo a trabalhar conjuntamente no âmbito da justiça.

43- “A conexão digital não basta para lançar pontes, não é capaz de unir a humanidade”

C- Apesar da facilidade que a conexão digital veio atribuir ao contacto virtual entre pessoas em qualquer parte do mundo, é importante que saibamos distinguir uma

relação estabelecida via on-line de uma relação real, natural, estabelecida através do confronto direto.

Uma relação virtual jamais poderá reproduzir a autenticidade e espontaneidade de uma relação em pessoa, e é necessário constatar este facto para que não nos isolemos no mundo das conexões virtuais na ilusão de que estamos a socializar. Pois a socialização e as conexões reais exigem um esforço por se abrir ao próximo, cultivar algo, e ser recetível e consistente, aspetos que não estão presentes nas ligações virtuais, o que lhes retira o carácter pessoal e humano das relações autênticas, e as incapacita de criar um verdadeiro sentimento de união.

47- “Assim, as pessoas ou situações que feriam a nossa sensibilidade ou nos causavam aversão, hoje são simplesmente eliminadas nas redes virtuais, construindo um círculo virtual que nos isola do mundo em que vivemos.”

C- É inegável que a evolução da tecnologia tenha aberto inúmeras portas. Porém, deve ser reconhecido que instrumentos como as redes virtuais vieram também impor limitações, nomeadamente na forma como as pessoas se relacionam umas com as outras e com o que as rodeia.

Apesar de, de certa forma, estas redes constituírem um meio de comunicação e de difusão e aquisição de informação, é importante reconhecer que o que captamos através da internet não corresponde de forma fiel à realidade, chegando mesmo a afastar-nos desta. Um exemplo disto é a facilidade com que bloqueamos conteúdos, ou até mesmo pessoas, com os quais não nos identificamos ou não nos queremos deparar, algo que é apenas possível nesse mundo virtual, e não no mundo real.

Esta tendência para remover aspetos incómodos e desconfortáveis do nosso quotidiano, evitando assim o confronto, tem como consequência o afastamento e isolamento da realidade: ficamos presos no nosso reduzido mundo, não aprendemos a abrir a mente e a conviver com as diferenças uns dos outros ou harmonizar as divergências.

Assim, é imprescindível ter a consciência de que as interações que experimentamos on-line jamais poderão substituir o confronto com o mundo real, e que é através desse confronto, sem filtros ou máscaras, que podemos de facto aprender algo, alcançar a sabedoria.

49- “Por sua lógica intrínseca, esta dinâmica impede aquela reflexão serena que poderia levar-nos a uma sabedoria comum.”

C- A dinâmica da comunicação estabelecida por meio das redes sociais é, naturalmente, muito diferente do desenvolvimento de um diálogo cara a cara, visto que, via on-line, cada indivíduo se encontra, de certa forma, “protegido” atrás de um ecrã, digitando instantaneamente, sem grande reflexão ou sentido de escuta, o que acaba por atribuir à conversa um pendor impessoal e superficial.

Assim, são a vulnerabilidade e a proximidade, características do diálogo presencial, que atribuem honestidade ao mesmo e que o tornam insubstituível. O contacto direto com o próximo, os momentos de escuta e reflexão, as reações e emoções exprimidas, tudo isto são particularidades que não podem ser transmitidas através

de ecrãs, e que realçam o quão único é o diálogo humano: só este nos pode levar à “sabedoria comum”, ao confronto com a realidade, e só através deste podemos aprender a viver em harmonia.

50- “A acumulação esmagadora de informações que nos inundam, não significa maior sabedoria.”

C- Por vezes, somos levados pela ilusão de que a vasta informação que nos é fornecida pela internet é sinónimo de sabedoria, e que quanto mais horas em frente a um ecrã, a receber uma multiplicidade de notícias (cuja veracidade nem é certa), mais cultos somos. Porém, não é através da sobrecarga de notícias que o ser humano pode alcançar a sabedoria e a verdade, pois estas são meras reproduções da realidade e não têm o poder de nos fazer sentir e vivenciar algo concreto. Estes valores apenas podem ser alcançados com o diálogo, o encontro, pois só assim podemos experienciar a vida fora da nossa pequena bolha e procurar entender o mundo que nos rodeia. Sem o contacto com o mundo real, habituados a ler ou a ouvir passivamente o que se passa, não aprendemos nada, somos meros espectadores iludidos pela sensação de cultura e liberdade proporcionada pelos vários meios de comunicação.

Assim, é importante agir, conviver, ser confrontados com a realidade: essa sim, é a única forma de alcançar sabedoria e usufruir da liberdade.

198- “O diálogo perseverante e corajoso […], de forma discreta mas muito mais do que possamos notar, ajuda o mundo a viver melhor”

C- Mais uma vez, é enfatizado o papel fundamental do diálogo no caminho para a paz, justiça e harmonia. É através do diálogo, da abertura e da recetividade, que podemos aproximar-nos e conciliar as nossas diferenças, ajudando-nos mutuamente e criando soluções encaminhadas para o mesmo objetivo: a construção de um mundo melhor, mais tolerante e humano.

199- “Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo.”

C- O mundo atual encontra-se repleto de guerras, conflitos, corrupção, pobreza e outras incoerências que despertam, em muitos indivíduos, o desalento e a vontade de fuga da realidade. Assim, uns voltam-se para si mesmos e isolam-se do mundo, enquanto outros reagem de forma violenta.

Ambas as atitudes afastam os Homens uns dos outros, assim como da vida real, provocando a fragmentação da sociedade e criando abismos e hostilidades.

Mais uma vez, o diálogo compreensivo e paciente entre o povo surge como solução promissora para esta desunião, assumindo-se como a ferramenta para conciliar as divergências, ensinar os Homens a ser recetivos uns com uns outros, a saber dar e receber, a abraçar as diferenças e a construir algo em conjunto, com vista para um mundo melhor e mais humano.

202- “Os heróis do futuro serão aqueles que souberem quebrar esta lógica morbosa e, ultrapassando as conveniências pessoais, decidam sustentar respeitosamente uma palavra densa de verdade.”

C- O mundo atual é governado pela ganância, fome de poder, interesse e egoísmo; o que se reflete na falta de diálogo e disposição para trabalhar em conjunto no âmbito do bem comum, uma vez que os líderes dos diversos setores se limitam a negociar de forma a obterem o maior poder e vantagens possíveis.

Ao constatar esta realidade, o Papa Francisco afirma que os heróis do futuro serão os que forem capazes de colocar o bem comum à frente dos interesses pessoais, os que desejarem procurar a verdade e a conciliação, o caminho para a paz e a justiça, pois é urgente que se deixe para trás a cobiça e o egocentrismo.

F. 18 anos

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VIRTUDE VALE MAIS DO QUE CIÊNCIA - Voltaire

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Em 27.10.22 divulguei o convite do Papa Francisco a duas jovens portuguesas para o arranque da JMJ  - Lisboa 2023




sexta-feira, 21 de julho de 2023

A SEIVA TRUPE NO ÂMBITO DA JMJ - ESTREIA: "TEMOS MÃE, TEMOS MARIA"




 Vai ser nos dias 26, 27 e 28 de Julho, todos estes dias às 15:00 e às 17:00, na Igreja Privativa da Misericórdia do Porto (Rua das Flores, ao Largo de São Domingos), no âmbito da Jornada Mundial da Juventude com a colaboração da Comissão Organizadora da Diocese do Porto deste mesmo momento e do Cabido Portucalense.


A entrada é livre, mas têm prioridade os jovens credenciados pela COD do Porto da Jornada, por razões mais ou menos óbvias. Quem quiser tentar a sua sorte (convictos que, pelo horário, haverá lugar certamente) aparece com 30 minutos de antecedência da hora marcada para o início e aguarda um pouco.
 

Fernando André

(Assistente Executivo)

SEIVA TRUPE - Teatro Vivo C.R.L
913414050 


segunda-feira, 12 de junho de 2023

A SEIVA TRUPE PREPARA O FUTURO


 António Reis e Estrela Novais em "ANTÍGONA"

Ainda em 2023, a Seiva Trupe estreará dois espetáculos de índole muito diferente: um em comunhão com as Jornadas Mundiais para a Juventude (que convidaram para tal a própria Seiva Trupe) e outro, que se constitui também em homenagem a Júlio Cardoso, que é suportado pela mão e desejo expresso pelo Teatro Nacional de São João. São dois atestados, de características distintas, que se unem no reconhecimento do prestígio da Seiva Trupe.

O futuro está no nosso caminho e em breve daremos conta pormenorizada deste presente com “Temos Mãe, Temos Maria” e “O Canto do Cisne”, enquanto 2024 já está na calha das atenções, como se disse, concentradas para 25 e 26 em força.

Foto e texto Seiva Trupe

quinta-feira, 4 de maio de 2023

HOMENAGEM PÚBLICA PESTADA A ANTÓNIO REIS NO CEMITÉRIO DA LAPA NO PORTO

 

Depois de uma Homenagem pública prestada ao nosso saudoso António Reis, em sessão na Sala Estúdio Perpétuo Socorro no Porto, foi descerrada uma lápide de autoria do Prof. Armando Alves no Cemitério da Lapa, cuja Confraria se associou à iniciativa, no passado Sábado 8 de Abril onde o corpo do António Reis se encontra desde que faleceu (5 de Abril de 2022).


JÚLIO CARDOSO - Fundador do Seiva Trupe
fotos: Joaquim Reis
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Espectáculos para digressão :

- Três Mulheres e um Piano
- Éramos Todas Azucenas
- RAP Global
Texto: Seiva Trupe

sábado, 22 de abril de 2023

A «Muralha Antifascista» que gerou o pior dos fascismos

Gorbatchov o estadistas de maior relevo do século passado e da  história dos seu país

 Quando já não sentia o ânimo necessário para visitar Berlim, inesperadamente, tudo se harmonizou para a tornar possível.

Ir a Berlim é ir ao encontro da Guerra Fria e de uma Muralha cuja construção apanhou de surpresa todo o mundo livre.

Serviu unicamente para impedir o êxodo de milhares de cidadãos para a República Federal Alemã. Deram-lhe o nome de: «Muralha Antifascista» quando o Muro gerou o pior dos fascismos.

A mentira destas ideologias está em todos os seus atos. Intitulou-se “República Democrática” quando, ao contrário, nada teve de democrática, foi uma ditadura feroz.

Mikhail Gorbachev de visita à República Democrática Alemã, em 1989, advertiu o mentor do Muro, Honecker, para a urgência de reformas. Demitiu-o de todas as suas funções poucas semanas depois. Seguiu-se a queda do Muro, com 155Km e o fim da República Democrática Alemã para alegria de todos os Berlinenses.

Em 1991, Gorbatchov foi mais longe, dissolveu a URSS e deu a independência aos 15 estados que libertou da tutela URSS.  

Putin planeou um golpe de estado para impedir Gorbatchov da dissolução da URSS. O povo apoiou em massa Gorbatchov e o golpe falhou. Só então Gorbatchov renunciou, declarou o seu cargo extinto e entregou seus poderes a Ieltsin. A dissolução da URSS assinala o fim da Guerra Fria.

 Enquanto Gorbatchov libertou muitos milhões de seres humanos privados de liberdade, Putin não perdeu tempo a destituir Ieltsin. Criou leis para se perpetuar no poder e desenvolveu estratégias para capturar os povos que haviam sido libertados.

A Ucrânia que não fazia parte dos países libertados, já era independente, foi o seu alvo mais recente pelo seu valor estratégico.

Putin é o exemplo vivo do déspota sanguinário, o retrato de Stalin. Possuído da loucura do supernacionalismo contra o resto do mundo espalha impunemente o terror pelos vizinhos.

Convém lembrar que em 1968 o seu antecessor, Brejnev, com a ajuda de cinco países do Pacto de Varsóvia - Alemanha Oriental, Romênia, Albânia, Hungria, Polônia e Bulgária, ao comando da URSS, invadiram a Tchecoslováquia, derrubaram Dubcek e esmagaram a “Primavera de Praga”.

Dubcek e Gorbatchov são os estadistas de maior relevo do século passado bem como na história dos seus países, governantes com visão e referências quanto a reformas políticas, económicas e de relações humanas.

Sou parte de uma geração que viveu todos estes acontecimentos bem amargos. As gerações que se me seguiram encontraram um país e uma europa livre de ferozes ditaduras, têm assim dificuldade em contextualizar a revolta de viver em ditadura.

A guerra Fria abrangeu toda a segunda metade do século XX, não se registaram grandes combates, mas conflitos regionais baseados em lutas ideológicas e geopolíticas.

O que assistimos com a invasão da Ucrânia é a matança do seu povo, destruição do seu património, puro terrorismo que devia mobilizar as democracias ocidentais a expulsar o invasor, não com discursos, mas com a expulsão de todo o território Ucraniano, o julgamento do invasor pelos crimes praticados e o restabelecimento imediato da paz.

Os ditadores vivem da mentira das ditaduras, do combate contra o mundo real e contra a verdade. Escondem-se no poder fascinador das abstrações, em que nada comprovam. Condenam todas as gerações da sua gente, desde que nascem até à morte à prisão, não chegam a conhecer o que é viver em liberdade.

O resultado da falsidade de uma retórica de abstrações, no caso do Muro de Berlim foram mortíferas. Assassinaram muitos dos seus naturais que queriam fugir.

Mais grave é a sedução dos políticos das democracias ocidentais por esta cultura das abstrações e da mentira. Basta ver a forma como o primeiro-ministro, acusado de cobardia política, se refugia no silêncio, grande número dos seus Ministros, a começar pela Ministra da Presidência, mentem descaradamente a propósito da demissão dos gestores da TAP. Quando outro ministro do seu governo comprova a mentira a Srª. ministra nega a mentira dizendo tratar-se de uma questão semântica!

Todo este descaramento passou a fazer parte do quotidiano da governação, aceite pelo Sr. Presidente da República, em nome de uma falsa e pantanosa estabilidade política.  

Pior ainda, a normalização da mentira entrou também no quotidiano de gente sem escrúpulos, mina as nossas vidas e as relações humanas. Contém todos os ingredientes para destruir o caráter do interlocutor mentindo e sem nada comprovarem, ao estilo dos dirigentes da "cortina de ferro", de Trump e dos seus apoiantes.

Perdemos a consciência de que a verdade é Deus e a mentira o caminho para o inferno.

Arthur Schopenhauer (1788/1860), filosofo alemã, num pequeno livrinho, A ARTE DE VENCER UMA DISCUSSÃO SEM PRECISAR DE TER RAZÃO, denúncia a vilanagem daqueles que insultam nada tendo de verdadeiro a alegar contra o outro. Começa por dizer: «…não deveríamos, em nenhum debate, ter outro objetivo que não a descoberta da verdade». Desmascara o uso da dialética e a falsidade das abstrações dos que colocam a verdade objetiva de lado para sobreporem mesquinhos interesses pessoais. É de leitura fácil.

Noutras suas obras denúncia mesmo os filósofos que «não querem ser, mas parecer; não buscam a verdade mas o interesse a vantagem…». Não tem medo das palavras, classifica Hegel, reputado filosofo germano, de “charlatão descarado», e justifica: «…pela falsa sabedoria hegeliana…que embrutece um adolescente e o incapacita de pensar…».

Os socialistas presentes no palco da política deviam ter vergonha de evocar: “A Ética Republicana Socialista” … Não leram a ÉTICA de Spinoza que cola a ética à perfeição, muito acima das leis, em geral permissivas, feitas com “portas” e “janelas” escancaradas, para que os criminosos que, comprovadamente assaltaram os cofres do Estado, sejam absolvidos ou condenados repetidamente com penas suspensas e os ricos nunca venham a ser presos.

Spinoza (1632/1677) é o filosofo que mais se identifica com a metafísica e o significado moral no mundo e da existência, só superado pelo grande Aristóteles (1694/1778) que nos diz: «A terra está coberta de pessoas que não merecem que se lhes fale»

Sabemos que o mundo virtual não favorece a leitura, a cultura do encontro entre pessoas reais nem o melhor conhecimento do mundo em que vivemos. Assim, não procuramos a leitura, a melhor fonte do conhecimento, os humanistas, empenhados numa fraternidade universal, no caminho da verdade e da perfeição só atingível com a ajuda de Deus.  

Estão ao nosso dispor desde Séneca (5aC/65dC) «...nunca haverá felicidade para aqueles que se atormentam com a felicidade alheia». (De Ira III, 30) a Erasmo de Roterdão (1466/1536), e tantos outros, até ao Papa Francisco. 

L. Cordeiro