sexta-feira, 29 de maio de 2020

BELARMINO AUGUSTO CORDEIRO - ÚNICO MÉDICO RESIDENTE EM VILARINHO DA CASTANHEIRA

«Leal, qual bom transmontano,
Incapaz de esconder as manhas
(Mais parece um oceano)
Tais as fúrias são tamanhas!»

É um dos versos do Livro V Ano Médico (1935/1936) dedicados a Belarmino Augusto Cordeiro, médico, lavrador e mais tarde marinheiro.

É assim a natureza dos transmontanos: Leais e generosos como o vinho do Porto; frontais e intempestivos como as trovoadas estivais do Nordeste, aventureiros na descoberta de novos mundos.

Foi o primeiro e, até hoje, o último médico residente em Vilarinho da Castanheira.

Além raízes familiares mantinha uma forte ligação à sua terra, pobre e hostil.

Não lhe faltava trabalho. Faltavam-lhe os meios para educar quatro filhos.

Não podia exigir mais da sua atividade, em face do subdesenvolvimento, da pobreza extrema, da insuficiência alimentar, subalimentação agravada…

 imaginem !...,

 por uma elevada taxa de natalidade - 23%, em contraponto com uma baixa taxa de mortalidade – 10%. 

O que forçou uma emigração em massa para reduzir a metade tal excedente (*). 

Ao contrário, em 2018, sendo as condições de vida incomparavelmente melhores, registamos situação completamente inversa, 

uma taxa de natalidade de 7,7 e mortalidade de 9,9 (**).  situação que a persistir  torna um país inviável.

Desta forma, no período 56/60 os Ventos do Nordeste varreram a população do Distrito de Bragança, com a maior taxa de emigração - 3,77, seguida da Guarda Viana do Castelo e Viseu, respetivamente – 3,51, 2,89 e 2,87 (***).

Também o médico foi soprado pelos mesmos ventos.

Valeu-lhe a sua experiência como médico de aldeia. 
Sem recurso ao apoio dos laboratórios de análises clinicas, distantes e caros, fazia o diagnóstico pelos sintomas do paciente.

Esta especialização contribuiu para o êxito da sua atividade a bordo dos navios, onde também não existiam análises clinicas.

O uso de práticas naturais ajudaram-no a resolver situações crónicas dos marinheiros com origem no abuso de medicamentos.

O enorme desenvolvimento da indústria farmacêutica, a pressão e os interesses económicos conduziram ao consumo alarmante de toda a espécie de drogas, desde as penicilinas aos psicofármacos, causando alergias e graves perturbações em situações que práticas caseiras, usadas pelos médicos de aldeia, resolviam com vantagem.

Navegou durante onze anos ao serviço da Companhia Nacional de Navegação a bordo dos paquetes: TIMOR, para Luanda, Lourenço Marques, Hong Kong, Macau e Timor Leste e PRINCIPE PERFEITO para a Ilha da Madeira e África.

Teve a seu favor os ares puros de Trás-os-Montes, a brisa dos mares da China e o fascínio do Oriente.  Foram os melhores anos da sua vida.

O MEL NEGRO.... E O MEL DOURADO.... DE MÃOS DADAS

(*) Elementos colhidos das aulas Dr. Dragomir Knapic – I.C.L.
(**) Pordata
(***) Diário de Notícias de 21.04.64

Por erro inadvertido foram apagadas 5 anos de publicações neste blogue, esta (atualizada) incluída. Faz hoje 4 anos recebeu o comentário que me apraz referir:
De Rui Alves recebi, em 28.05.16, o seguinte mail:
«Nunca seriamos o que somos, se não tivéssemos um passado,  parece que o seu foi enriquecedor. Parabéns. Um abraço.»




PALA DA MOURA - Pe. JOSÉ VICENTE, Dr. BELARMINO CORDEIRO, (?)






CAMINHO PARA OS LAGARES

FRAGA AMARELA - LAGARES



quinta-feira, 28 de maio de 2020

CALOUSTE GULBENKIAN - GRANDE AMIGO DE PORTUGAL

Gulbenkian encontrou na nossa terra a paz, a segurança e o acolhimento que todo o resto da Europa, devastada por bambardeamentos, lhe recusou. Aqui nos deixou um património gigantesco. Foi um grande amigo de Portugal.