sábado, 22 de abril de 2023

A «Muralha Antifascista» que gerou o pior dos fascismos

Gorbatchov o estadistas de maior relevo do século passado e da  história dos seu país

 Quando já não sentia o ânimo necessário para visitar Berlim, inesperadamente, tudo se harmonizou para a tornar possível.

Ir a Berlim é ir ao encontro da Guerra Fria e de uma Muralha cuja construção apanhou de surpresa todo o mundo livre.

Serviu unicamente para impedir o êxodo de milhares de cidadãos para a República Federal Alemã. Deram-lhe o nome de: «Muralha Antifascista» quando o Muro gerou o pior dos fascismos.

A mentira destas ideologias está em todos os seus atos. Intitulou-se “República Democrática” quando, ao contrário, nada teve de democrática, foi uma ditadura feroz.

Mikhail Gorbachev de visita à República Democrática Alemã, em 1989, advertiu o mentor do Muro, Honecker, para a urgência de reformas. Demitiu-o de todas as suas funções poucas semanas depois. Seguiu-se a queda do Muro, com 155Km e o fim da República Democrática Alemã para alegria de todos os Berlinenses.

Em 1991, Gorbatchov foi mais longe, dissolveu a URSS e deu a independência aos 15 estados que libertou da tutela URSS.  

Putin planeou um golpe de estado para impedir Gorbatchov da dissolução da URSS. O povo apoiou em massa Gorbatchov e o golpe falhou. Só então Gorbatchov renunciou, declarou o seu cargo extinto e entregou seus poderes a Ieltsin. A dissolução da URSS assinala o fim da Guerra Fria.

 Enquanto Gorbatchov libertou muitos milhões de seres humanos privados de liberdade, Putin não perdeu tempo a destituir Ieltsin. Criou leis para se perpetuar no poder e desenvolveu estratégias para capturar os povos que haviam sido libertados.

A Ucrânia que não fazia parte dos países libertados, já era independente, foi o seu alvo mais recente pelo seu valor estratégico.

Putin é o exemplo vivo do déspota sanguinário, o retrato de Stalin. Possuído da loucura do supernacionalismo contra o resto do mundo espalha impunemente o terror pelos vizinhos.

Convém lembrar que em 1968 o seu antecessor, Brejnev, com a ajuda de cinco países do Pacto de Varsóvia - Alemanha Oriental, Romênia, Albânia, Hungria, Polônia e Bulgária, ao comando da URSS, invadiram a Tchecoslováquia, derrubaram Dubcek e esmagaram a “Primavera de Praga”.

Dubcek e Gorbatchov são os estadistas de maior relevo do século passado bem como na história dos seus países, governantes com visão e referências quanto a reformas políticas, económicas e de relações humanas.

Sou parte de uma geração que viveu todos estes acontecimentos bem amargos. As gerações que se me seguiram encontraram um país e uma europa livre de ferozes ditaduras, têm assim dificuldade em contextualizar a revolta de viver em ditadura.

A guerra Fria abrangeu toda a segunda metade do século XX, não se registaram grandes combates, mas conflitos regionais baseados em lutas ideológicas e geopolíticas.

O que assistimos com a invasão da Ucrânia é a matança do seu povo, destruição do seu património, puro terrorismo que devia mobilizar as democracias ocidentais a expulsar o invasor, não com discursos, mas com a expulsão de todo o território Ucraniano, o julgamento do invasor pelos crimes praticados e o restabelecimento imediato da paz.

Os ditadores vivem da mentira das ditaduras, do combate contra o mundo real e contra a verdade. Escondem-se no poder fascinador das abstrações, em que nada comprovam. Condenam todas as gerações da sua gente, desde que nascem até à morte à prisão, não chegam a conhecer o que é viver em liberdade.

O resultado da falsidade de uma retórica de abstrações, no caso do Muro de Berlim foram mortíferas. Assassinaram muitos dos seus naturais que queriam fugir.

Mais grave é a sedução dos políticos das democracias ocidentais por esta cultura das abstrações e da mentira. Basta ver a forma como o primeiro-ministro, acusado de cobardia política, se refugia no silêncio, grande número dos seus Ministros, a começar pela Ministra da Presidência, mentem descaradamente a propósito da demissão dos gestores da TAP. Quando outro ministro do seu governo comprova a mentira a Srª. ministra nega a mentira dizendo tratar-se de uma questão semântica!

Todo este descaramento passou a fazer parte do quotidiano da governação, aceite pelo Sr. Presidente da República, em nome de uma falsa e pantanosa estabilidade política.  

Pior ainda, a normalização da mentira entrou também no quotidiano de gente sem escrúpulos, mina as nossas vidas e as relações humanas. Contém todos os ingredientes para destruir o caráter do interlocutor mentindo e sem nada comprovarem, ao estilo dos dirigentes da "cortina de ferro", de Trump e dos seus apoiantes.

Perdemos a consciência de que a verdade é Deus e a mentira o caminho para o inferno.

Arthur Schopenhauer (1788/1860), filosofo alemã, num pequeno livrinho, A ARTE DE VENCER UMA DISCUSSÃO SEM PRECISAR DE TER RAZÃO, denúncia a vilanagem daqueles que insultam nada tendo de verdadeiro a alegar contra o outro. Começa por dizer: «…não deveríamos, em nenhum debate, ter outro objetivo que não a descoberta da verdade». Desmascara o uso da dialética e a falsidade das abstrações dos que colocam a verdade objetiva de lado para sobreporem mesquinhos interesses pessoais. É de leitura fácil.

Noutras suas obras denúncia mesmo os filósofos que «não querem ser, mas parecer; não buscam a verdade mas o interesse a vantagem…». Não tem medo das palavras, classifica Hegel, reputado filosofo germano, de “charlatão descarado», e justifica: «…pela falsa sabedoria hegeliana…que embrutece um adolescente e o incapacita de pensar…».

Os socialistas presentes no palco da política deviam ter vergonha de evocar: “A Ética Republicana Socialista” … Não leram a ÉTICA de Spinoza que cola a ética à perfeição, muito acima das leis, em geral permissivas, feitas com “portas” e “janelas” escancaradas, para que os criminosos que, comprovadamente assaltaram os cofres do Estado, sejam absolvidos ou condenados repetidamente com penas suspensas e os ricos nunca venham a ser presos.

Spinoza (1632/1677) é o filosofo que mais se identifica com a metafísica e o significado moral no mundo e da existência, só superado pelo grande Aristóteles (1694/1778) que nos diz: «A terra está coberta de pessoas que não merecem que se lhes fale»

Sabemos que o mundo virtual não favorece a leitura, a cultura do encontro entre pessoas reais nem o melhor conhecimento do mundo em que vivemos. Assim, não procuramos a leitura, a melhor fonte do conhecimento, os humanistas, empenhados numa fraternidade universal, no caminho da verdade e da perfeição só atingível com a ajuda de Deus.  

Estão ao nosso dispor desde Séneca (5aC/65dC) «...nunca haverá felicidade para aqueles que se atormentam com a felicidade alheia». (De Ira III, 30) a Erasmo de Roterdão (1466/1536), e tantos outros, até ao Papa Francisco. 

L. Cordeiro


sábado, 15 de abril de 2023

BERLIM - A carga política e ideológica da construção de um Muro que ninguém desejou

Portão de Brandemburgo 
Reichstag 
Alte Nationalgalerie
Basilica





Viajar enriquece-nos e é algo que ninguém nos rouba.

Tinha varrido do meu imaginário visitar Berlim quando um neto me ofereceu ali uma estadia para 2 pessoas, uma filha viagens a baixo custo e para vencer a dificuldade da língua (não domino o inglês) uma outra filha disponibilizou-se para me servir de guia. Vantagem de ter uma família numerosa.

Quando aceitei a oferta Berlim registava temperaturas negativas o que me impediria de sair do Hotel no caso de se manterem nas datas da visita. Acabou por ser uma aventura bem sucedida.

Numa Europa dominada por ferozes ditaduras totalitárias durante o século passado, a construção do Muro de Berlim, em 1961, apanhou de surpresa todo o mundo livre. Serviu unicamente para consolidar a mentira das ideologias totalitárias que ainda hoje se mantêm na Rússia, extinta a União Soviética 

Com a publicação do vídeo sobre o MURO desenvolverei os processos humilhantes destes ditadores que persistem em privar da liberdade, desde o berço até à morte, milhões de seres humanos que nascem e morrem sem respirar a dignidade de viver em liberdade.

Mas vamos à visita. Tudo ali fica a kms. de distância. Começamos pela Torre Fernshturm na Avenida Alexanderplatz. Destacamos a Catedral, os Palácios da praça Gendarmenmarkt e Reichstag e o Portão de Brandemburgo que ficou isolado com a construção do Muro. Daqui derivamos para as partes do Muro em Potsdamer Platz. O vídeo publicado dá conta dos trajetos.

 Berlim é uma cidade sombria onde não gostaria de viver. Quando viajo o meu foco nunca foi a gastronomia, no entanto, notei que os restaurantes limitam a oferta a pizas, hambúrgueres, cachorros ou similares. Em lado algum descobri uma sopa, um grelhado de peixe ou de carne. Reforcei, assim, a convicção de que dispomos da culinária mais variada e saudável do mundo por onde viajei. Só a comparo ao Brasil. Luís Cordeiro