sábado, 17 de agosto de 2019

«O BOM POLITICO» E A GREVE DOS MOTORISTAS DE MATÉRIAS PERIGOSAS



O «Bom Politico» é identificado com o politico experiente, hábil, cria cenários à volta do que reputa o Interesse Nacional, desvia as atenções do cento dos problemas e desvirtua o que verdadeiramente está em causa.

É o caso das negociatas de bijuterias que o Ministro da Administração Interna classificou de equipamentos de prevenção e que não passam de propaganda eleitoral do partido socialista.

Com tudo a denunciar o estado lastimável dos serviços públicos, a começar pelo SNS, Lojas do Cidadão, isto com maior carga fiscal de que há memória; numa politica de «chapa ganha, chapa gasta», de esbanjamento de recursos, sem investimento, sem reformas, sem futuro, incapaz de resistir à primeira crise.

A forma de disfarçar a realidade surge no debate:

«O ESTADO DA NAÇÃO»

Com o 1º. Ministro a exaltar o «Estado Vitorioso da Nação»:

Baixou os impostos, registou um crescimento acima da média, melhorou o emprego, garantiu arrendamentos, em Lisboa, de habitação condigna a baixo preço, recuperou a dignidade perdida do Pais…… Verdadeiramente empolgado, confessou nunca ter imaginado ser possível fazer tanto…. e eu fiquei sem saber de que Pais estava a falar.

Pouco tempo decorrido tornei a ouvir o 1º. Ministro na

CONVENÇÃO NACIONAL DO PS

Foi delirante ao anunciar que «libertou o pais do garrote da divida» - segundo a Pordata, de 2016 a 2018 a divida externa líquida aumentou de 175.228 para 179.457 euro – milhões.

Uma propaganda de promessas e de anúncios + anúncios, como: A construção, em Lisboa, de habitação para todos a preços reduzidos; cinco novos hospitais (já prometidos para esta legislatura e tornados a anunciar para a próxima); a feira montada para a baixa de impostos, depois de anunciada pela oposição; o SNS - agora eleito com todo o carinho a Joia da Coroa…!?

Acontece que o politico que procure mudar este paradigma e dizer a verdade, «não é um bom politico», tem no próprio partido quem lhe ponha o rotulo de «fraco» - O tal «Bom Politico» à espreita do lugar.

Em toda esta «geringonça» surge a

GREVE DOS MOTORISTAS DE MATÉRIAS PERIGOSAS

 Oportunidade única para o «Bom Politico» mostrar o que vale.

Trata-se aproveitar a situação para lançar uma cortina de fumo sobre «embaraços eleitorais», criar cenários à volta do Interesse Nacional, desviar as atenções do cento do problema e desvirtuar por completo o que verdadeiramente está em causa, bem simples de saber:

Os motoristas de matérias perigosas há vinte anos reclamam a atualização do ordenado base (630€) e o pagamento das horas extraordinárias.

Como nunca conseguiram ser ouvidos pelos patrões viram-se obrigados a fazer greve, fora do sindicato tradicional que nunca os defendeu. Continuam a não ser ouvidos porque o patrão não negoceia com os trabalhadores em greve.

O governo chamado a mediar os diferendos, habituado a estar sempre do lado do mais forte, seja patrão, banco, telecomunicações, petrolífera etc., colocou desde logo os seus Ministros do lado dos patrões. 

Tratou-se de um evidente mau começo e tudo descambou.

Como estão em jogo eleições, impõe-se dar provas de vigor no exercício do poder, para o efeito o governo mobiliza:

PSP, GNR, Exercito, Marinha, Força Aérea com helicópteros a sobrevoar as operações terrestres e Decreta a Requisição Civil.  Simulacro de estado de guerra contra os grevistas.

Reação patriótica dos patrões:

«Esta greve é contra os portugueses. É importante que todo o povo português compreenda que esta greve é contra os portugueses».

Os patrões que durante vinte anos não negociaram a subida de um miserável ordenado mínimo em tempo de paz sindical, obtiveram do poder instituído a montagem de um «teatro» de guerra para «vergar» os trabalhadores e obriga-los a renunciar à greve, como condição para, então, negociar.
Todo este «circo» é desanimador e desmotivador. A abstenção vai ganhar as eleições uma vez mais.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

MÁRIO CENTENO PARA O FMI

Todos apoiamos a sua nomeação quer pela comprovada competência quer pelo prestigio resultante para Portugal.


A confirmar-se será Chefe de Victor Gaspar, o tal que aplicou o «aumento brutal dos impostos» e que lhe valeu toda a série de insultos. Sucedeu-lhe no cargo Centeno a quem o «aumento brutal» muito o ajudou no fogacho das «contas certas».

É bom não esquecer que a incapacidade do Governo de José Sócrates de travar o défice das contas públicas obrigaram a pedir Ajuda Financeira Externa o que motivou o referido «aumento brutal de impostos».

A situação humilhante, de reconhecida emergência Nacional, deixada pelo governo do partido socialista, colocou o país na dependência de decisões externas de grande contenção de despesas, impopulares, impostas pela Troika.

Haverá quem diga serem «águas passadas». É certo, a verdade é que os atuais governantes fingem nunca ter existido um governo socialista que esbanjou recursos no favorecimento de grupos económicos ruinosos; aumentou vencimentos para ganhar eleições, tomou decisões despesistas irresponsáveis, como fabrico de milhares de computadores «Magalhães» que acabaram no lixo sem qualquer utilidade para os alunos.
Ao pegar numa mochila que uma neta (14 anos) carregava as costas disse-lhe: - Estão a fazer de ti uma burra de carga e a aleijar-te para o resto da vida.

Respondeu-me: - Pois é…. os professores deviam usar «tablets».

O que pensão os sábios do ensino?

Estão prisioneiros das editoras e dos manuais?

Não deveria tudo começar pela formação tecnológica dos professores? Ou vão ser os alunos a ensinar os professores!?

Onde vai parar o centro de decisão de ensino que deveria centrar-se no aluno?!
Vencidas as exigências fundamentais do Pedido de Assistência Financeira, o Pais recuperou credibilidade, os juros baixaram, o governo terminou o seu mandato, libertou-se da troika e ganhou as eleições que se seguiram.

O PS naufragou nas mesmas. Perdeu no campo mas ganhou na secretaria, onde se fazem todos os arranjos.

São factos!

Primeiras medidas: Aumentar impostos dos combustíveis, baixar IVA aos restaurantes.

A primeira, contra tudo o que seria de esperar, não registou as reações insultuosas que varreram o anterior governo.  
A segunda, puramente eleitoralista, só favoreceu os proprietários - não refletiram a baixa nos preços dos serviços - e resultou em prejuízos para as receitas do fisco.
 O IVA de 23% mantem-se, mesmo para os que sobrevivem com reformas e ordenados de miséria.  

Resumindo: A vitoriosa geringonça começou por beneficiar do contributo deixado pelo governo anterior – é o próprio Presidente da Republica a referi-lo por diversas vezes - seguindo-se uma explosão de turismo e a correspondente entrada de divisas; a evolução favorável da economia europeia, o crescimento económico e, principalmente a maior carga fiscal da história do Pais.

Não é assim honesto diabolizar o governo anterior pelas medidas que foi obrigado a tomar e, ao mesmo tempo, embandeirar em arco o «ESTADO VITORIOSO DA NAÇÃO».

É tema que fica para a próxima.

Para já, os votos de ver um nosso conterrâneo no palco do FMI.
Se assim for, não lhe ficaria mal agradecer ao seu futuro colaborador, Victor Gaspar, a ajudinha do «aumento brutal de impostos» para as «contas certas».

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Queridos Pais


Maria de Lurdes Puga Assis Cordeiro - 16.03.1914-17.07.2019
Belarmino Augusto Cordeiro - 24.10.1904 - 24.11.1995
A minha Mãe partiu para o Reino de Deus ao encontro do meu Pai. 
«Rogai por nós Santa Mãe de Deus para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo»

sábado, 13 de julho de 2019

A SEIVA TRUPE ESTÁ DE VOLTA

Newsletter | Julho

Se alguém imaginou que a Seiva deixara de correr nas artérias do Porto, enganou-se!
Após um período conturbado pela inexistência de financiamento da DGArtes e após a ‘salvação’ que a Ministra da Cultura Graça Fonseca permitiu através de um apoio do Fundo de Fomento Cultural, a Seiva Trupe-Teatro Vivo lança-se de mangas arregaçadas para iniciar a temporada 19/20 em pleno. E começa, no próprio dia em que faz 46 anos O FUNERAL DE NERUDA (25 de Setembro), com o mesmo título na ante-estreia do texto de Luis Sepúlveda e Renzo Sicco, com encenação deste último.
Trata-se de uma coprodução com a companhia italiana Assemblea Teatro e os ensaios já tiveram lugar na sua primeira fase. E de Itália chegam os primeiros ecos.
Júlio Cardoso – que convidou Castro Guedes para dar continuidade ao projecto, assumindo, desde Abril, a Direcção Artística – regressa a palco interpretando a figura histórica e mítica do grande poeta chileno. Acompanham-no Clara Nogueira, Filomena Gigante, Joana Teixeira, Rui Spranger; e o barítono italiano Maurizio Leone.


E aí está de novo a Seiva: agora e sempre!



quinta-feira, 4 de julho de 2019

J`ACCUSE!... - Emílio Zola

Recordo a atitude de Zola, em contraste com a passividade dos nossos  pensadores e da própria sociedade civil, em presença do amontoado de mentiras que incendeiam e asfixiam a nossa existência.  
J´ACCUSE!...
É bem conhecida a carta que Emílio Zola escreveu ao Presidente da Republica de França, publicada no Aurore a 13 de Janeiro de 1898 e que este jornal titulou: (J´ACUSE!...)

Zola acusa cinco generais, as repartições de guerra e o 1º. Conselho de guerra de apoiarem e serem cúmplices de monstruosas maquinações, urdidas por militares que culminaram na condenação a prisão perpétua de um inocente, o capitão Dreyfus.

Só um espírito livre, dependendo unicamente da sua consciência, prestaria semelhante serviço à verdade, à justiça e à Pátria. 
Zola sabia que do ataque desferido às mais altas patentes militares, repartições de guerra e conselho de guerra resultaria uma acusação, julgamento e condenação.

Assim foi. Limitou-se a pedir: -«Que o processo se realize à luz do dia».

Desde logo foi desencadeada uma campanha de ódio contra Zola. Era urgente acusar, julgar, condenar e prender Zola. No mês seguinte à publicação da carta já decorria o seu julgamento. Tinha de ser rápido e impedir Zola de se defender no que o próprio governo de França colaborou.

As arbitrariedades de todo este processo revelaram, desde logo, a supremacia das forças armadas em questões de ordem politica o que conduziu à criação da Liga dos Direitos do Homem, mais tarde integrada na Federação Internacional de Direitos Humanos.

Zola foi condenado no 1º. Julgamento. No exílio, em Londres, viu confirmada e agravada a sua condenação num 2º. Julgamento.

Entretanto, foi descoberto o falsificador que levou à condenação de Dreyfus. Confessou o crime.

Contra tudo o que seria de esperar,  «O 2º. Julgamento de Dreyfus foi ainda mais monstruoso que o 1º……….. os militares que novamente o condenaram não poderiam ter nenhuma desculpa».

Entre 1906 e 1909, por ação de um novo Governo e de um novo Presidente da Republica, Dreyfus foi, finalmente, reabilitado e reintegrado no exército.
  
Zola faleceu em 1902, não chegou a saborear o resultado final da sua luta.

Em 1908 a Camara decidiu: «Em merecido preito aos méritos do escritor, mas também como reparação póstuma ao que fora condenado como difamador, quando na realidade se batia pela justiça, foi resolvido transladar as cinzas de Zola para o Panteão».

Zola não conhecia Dreyfus, posto ao corrente da sua inocência isso lhe bastou para enfrentar tudo e todos, com sacrifício e grande sofrimento, em defesa da solidariedade, da verdade, da justiça e da própria França.

Numa carta escrita à esposa de Dreyfus Zola refere: «O inocente condenado duas vezes, fez mais pela fraternidade dos povos, pela ideia de solidariedade de justiça, que cem anos de discussões filosóficas, de teorias humanitárias» e acrescenta: «Somos nós, os poetas que pregamos os culpados ao eterno pelourinho».

Decorreu mais de um século. Bem gostaria ver assim confirmado o ideal de Zola e que o seu grito de revolta atingisse as gerações seguintes de escritores e cada um de nós.

Entretanto, os gritos de revolta que me chegam é dos pais que perderam os filhos, na flor da vida, em praxes académicas e em exercícios militares, com julgamentos que nada esclareceram, ficando sempre tudo na mesma.

É das mulheres vitimas de criminosos "absolvidos" em tribunal com penas suspensas.

É das famílias que perderam os seus empregos, as suas casas e foram jogadas para a miséria, vitimas daqueles, bem pagos para administrar e governar, o que melhor fizeram  foi saquear as empresas, destruir famílias e afundar o pais.

E não se vislumbra o fim do calvário de uma população injustiçada.

O exemplo de Zola que desce à praça pública em defesa de um inocente, da Verdade, da Justiça e da Dignidade das Instituições é atual, não pode ser esquecido, constitui uma referência.

Decorreu mais de um século, muito embora as situações do presente  não configurem o caso Dreyfus, representam uma falta de referências e de valores a todos os níveis, uma ausência do sentido do humano, de solidariedade, de fraternidade e de uma passividade inqualificáveis.

É responsabilidade de todos nós denunciar os caluniadores, obriga-los a responderem pela falcidade dos seus atos. Responsabilidade maior ainda dos intelectuais e criadores em seguirem o exemplo de Zola, sair da zona de conforto e, sem temor, gritar bem alto a verdade e responsabilizar a justiça. 
Só assim contribuiremos para um Mundo Melhor.