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sábado, 9 de junho de 2018
FÉRIAS NA COSTA DA CAPARICA
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domingo, 20 de maio de 2018
Não Afrontem - REFERENDEM
Creio que os partidos não colocaram a Eutanásia nos seus
programas eleitorais, pelo que a Assembleia da República não tem credibilidade
para decidir sobre esta matéria.
Os mentores da iniciativa nada sabem sobre a vida, menos ainda
sobre a morte, nunca a viram.
Fingem ignorar casos da vida real.
Recentemente foi noticiado a situação de um jovem que
acordou na véspera de ser executado, ver: http://a.msn.com/01/pt-pt/AAwTWJd?ocid=se.
+
terça-feira, 10 de abril de 2018
EUTANÁSIA - Sentença de Morte
Prós e
Contras - 09.04.18
Eutanásia -
Chegou a altura da decisão
Cada dia
fico mais perplexo com as leis aprovadas e mesmo com as que preparam para a Assembleia da República.
Com uma
postura "angelical" preparam uma lei que me condenaria à morte caso
estivesse em vigor à data em que um colégio de especialistas concluiu nada
poderem fazer para me salvar.
Uma
tuberculose galopante obrigou-me a internamento no Sanatório Rodrigues Semide no Porto.
Lúcido, senti
a morte apoderar-se de todo o meu ser perdendo gradualmente toda a ação,
entrando em coma.
Sem qualquer
reação aos tratamentos meu pai (médico) e o especialista que me assistia
convocaram um reconhecido tisiologista a fim de analisarem toda a situação.
Concluíram que tudo tinha sido feito e que nada mais havia a fazer para me salvar.
Então, os
especialistas sugeriram ao meu pai que melhor seria levar-me para casa, onde
teria uma morte mais descansada.
Meu pai limitou-se a responder:
- Morte descansada tem ele aqui, se o tiro da cama e o ponho numa maca mato-o.
Meu pai limitou-se a responder:
- Morte descansada tem ele aqui, se o tiro da cama e o ponho numa maca mato-o.
Ali fiquei,
com soro, transfusão de sangue e oxigénio.
Acharam
melhor suspender toda a restante medicação que só me poderia dar sofrimento.
Inexplicavelmente, decorridos
alguns dias, comecei a dar sinais de vida. Um mês depois já andava… mais um ano
para uma vida quase normal.
A partir dai tive seis filhos e dezasseis neto, vou a caminho dos 80, todos de boa saúde.
A partir dai tive seis filhos e dezasseis neto, vou a caminho dos 80, todos de boa saúde.
Os pormenores podem ser lidos em:
https://pugadassis.blogspot.pt/2017/06/memorias-de-um-sobrevivente-casos-da.html
Com outro
acompanhamento, médico e familiar, a lei que a todo custo pretendem ver aprovada tinha-me condenado a uma morte real, impedindo as gerações presentes e futuras de ver a luz do dia.
O facto de nenhum partido político abordar nos seus programas eleitorais este assunto, tão importante e delicado, não dando ao cidadão hipótese de escolha, o descrédito de tantas Leis da Assembleia da República, espelha bem o processo traiçoeiro da iniciativa.
O facto de nenhum partido político abordar nos seus programas eleitorais este assunto, tão importante e delicado, não dando ao cidadão hipótese de escolha, o descrédito de tantas Leis da Assembleia da República, espelha bem o processo traiçoeiro da iniciativa.
----------
Vem a
propósito uma entrevista ao Semanário Sol, da semana passada, do Dr. João
Queiroz de Melo - Prémio Nacional de Saúde, Cirurgião que chefiou o 1º. transplante
Cardíaco nos nossos Hospitais em que refere:
«…….
houve alguns casos de pessoas com fé que sobreviveram e não consigo perceber
como. Há um caso ……. Inacreditável. Foi uma pessoa que deu provas de fé e que
estava condenada face ao conhecimento médico e hoje está viva.»
domingo, 18 de junho de 2017
MEMÓRIAS DE UM SOBREVIVENTE - O amanhecer de um novo dia - IV - casos da vida real vividos
Pintura de fotos
Engª.Virginia Moura e Arqº.Lobão Vital
IV
O AMANHECER DE UM NOVO DIA
Acordou
sereno, com menos dores, a luz da manhã a querer romper-lhe as pálpebras, a
querer mover-se, com vontade de falar com a Mãe, sempre ali ao seu lado, de a
animar, dizer-lhe que tinha descansado!
Sempre
que o médico entrava pressentia-o aos pés da cama.
Naquela
manhã divisava-lhe vagamente os contornos em contraluz. A luminosidade da
janela, mesmo à sua frente, embora atenuada por uma frondosa árvore, continuava
a impedi-lo de abrir os olhos
Sentiu
necessidade de chamar o médico. Lá conseguiu esboçar um pequeno aceno com o
dedo indicador.
Não
queria acreditar no que se estava a passar. Era a silhueta do médico, o movimento
do dedo indicador, a vontade imensa de falar, de saber o que lhe tinham dado
para finalmente descansar.
Teve de
insistir no chamamento, o médico acabou por reparar, venceu uma certa resistência
e lá se aproximou:
Também
o médico estava cada vez mais perplexo:
-Então
o que é que te deu? Sabes que esta noite, não deixaste ninguém descansar nesta
casa?
O Luis
ouviu incrédulo. Não era possível! Dormira tão bem!
Só não
conseguia articular uma palavra.
O
médico apercebeu-se da dificuldade e continuou, para lhe dar tempo:
-Arrancaste
todos os tubos, querias levantar-te, ir embora, foi um pavor, ninguém te
conseguia segurar, ninguém teve descanso.
A Mãe,
ali sentada, só dizia:
-Assustaste-nos
tanto, filho.
Nunca
tivera uma noite assim!
A
excitação, a violência e o completo descontrolo do Zito representaram para ela a
agonia de um moribundo.
Quando
finalmente se imobilizou, foi o estertor final, o exalar do último suspiro.
Também
nunca tivera uma manhã tão inesperada!
Ali
estava o Zito a reconhecer tudo á sua volta, a mover-se e a querer falar. Não
lhe escapou a alegria dos companheiros de doença que invadiram a janela do
quarto e não escondiam a surpresa em contemplar um “ressuscitado”!
O Luís
passara a noite suspenso na linha que o separa da eternidade; interrompeu no
limite uma viagem sem regresso.
Sentia
agora o ar invadir-lhe os pulmões e dilatar-lhe o peito, começava a respirar o
ar que Deus lhe deu, á mistura com o tubo de oxigénio.
Retomou
a fala. A muito custo colocou a sua pergunta ao médico:
-O que
me deram para descansar?
O
médico atónito:
-Descansar?!
Já te disse que aqui ninguém descansou, nem mesmo tu!
Recomeçou
a viver.
Já podia
voltar-se e deitar-se de lado, as chagas das costas e das nádegas passaram a
dar-lhe mais sossego.
Participava
nas conversas com os pais, o irmão, com os companheiros de doença e com os amigos
que o visitavam.
Todos
lhe faziam a melhor companhia.
À
refeição nada lhe despertava mais o apetite que um bom copo de vinho branco.
Ganhara
novos amigos:
Destacava-se o Arqº. Lobão Vital, internado sobe prisão e vigiado pela PIDE, foi das melhores companhias e deixou-lhe a melhor recordação.
De uma serenidade que transmitia paz, uma cultura superior que muito me ajudou nas opções de leitura, um firme defensor dos " Direitos do Homem" e dotado do mais elevado sentido do humano.
O Luís logo que começou a levantar-se e a fazer pequenos percursos passou a visitar os companheiros acamados.
O Luís logo que começou a levantar-se e a fazer pequenos percursos passou a visitar os companheiros acamados.
Entre
eles destacava-se o Bélinho que há anos sofria de artrite crónica incurável
encontrando-se numa situação de dependência total.
Era
ainda jovem. Impressionava muito ver que as suas pernas e os seus braços mais
pareciam raízes de oliveira de tão retorcidos, agarrados a um tronco bem
constituído.
O
sofrimento dominava aquele homem noite e dia. Apesar disso, mantinha um sorriso
permanente, enigmático, sofredor, assim como a ironia duma revolta incontida.
Ao
entrar naquele quarto não sabia que dizer. Tudo lhe soava a ridículo: «Está
bom?»; «Está melhor?»; «Como vai isso?».
Nada
fazia sentido, até porque o Bélinho desejava a morte.
Optou por uma vaga saudação:
-VIVA!
Não
para o contrariar na sua vontade…também não faria sentido desejar-lhe o
contrário…
Agora
entendia melhor a dificuldade de muitas das visitas que recebia e que ali
ficavam, a olhar sem saberem que dizer.
Mas o
Bélinho era muito diferente de tudo que conhecia. Contava anedotas picantes e gostava ainda mais
de as ouvir. Perdia-se com a retórica do Amadeu que sem dó nem piedade fazia
humor da sua enfermidade, das deformações dos braços e das pernas. O Bélinho
ria desalmadamente, de forma desesperada, ao ponto de ficar todo encarnado, com
os olhos esbugalhados, chorava de tanto rir, babava-se, excitado dizia tudo
quanto lhe vinha á cabeça… um bando de palavrões.
Quando
finalmente se acalmava precisava que lhe limpassem as lágrimas e a baba e o
suor.
O
Amadeu também se encontrava ali internado. Era um jovem genial. Revelou-se
como: radialista, autor, compositor, declamador e ator.
Amigo
pessoal do mestre António Pedro fundou com ele o Teatro Experimental do Porto,
foi o seu braço direito, ajudou muitos atores, empurrando-os para o palco e
cantores, escrevendo-lhes as letras das canções.
A única
coisa que o Bélinho ainda conseguia fazer, a muito custo e com sacrifício, era
fumar um cigarro. A palma da mão, dobrada de tal forma para baixo, quase
encostava ao braço e os dedos retorcidos no sentido das costas da mão lá fixavam,
com grande dificuldade, o cigarro.
Não
conseguia evitar que a cinza caísse no peito, queimava-o mas não reagia. Era
uma dor menor relativamente ao tormento que nenhum analgésico atenuava.
Para o
Luís sobreviver foi a magia de um novo amanhecer, o encanto da descoberta do
chilrear dos passarinhos, da beleza dum malmequer, saborear um pão de trigo,
acabado de cozer e recheado de mel; adivinhar o que causa alegria aos que nos
rodeiam e evitar o que os entristeça; cumprimentar quem passa e fazer desse mesmo “o próximo”,
sem sentimentalismos, quer dizer, não permitir que o nosso amor ao próximo se
esvazie ao menor receio… ou ao adivinhar interesses pessoais ameaçados.
Nunca
entendeu como podia alguém desejar a morte? Talvez porque nunca experimentou o
sofrimento e a falta de esperança do Bélinho.
Outra
coisa será viver com espírito fraterno, optar pelo caminho que mais agrada a Jesus, como forma de estar preparado para, a qualquer instante, partir rumo à eternidade. Será
esse o caminho da felicidade?
O seu
médico assistente, o especialista convidado bem como o pai do Luís nunca entenderam
a sua recuperação. Também não o consideravam livre de perigo.
O
descanso após as refeições passou a ser feito numa espaçosa e aprazível varanda
refastelado numa cómoda espreguiçadeira, onde dava cor a fotografias a preto e
branco.
Os
exames radiológico continuavam a revelar sérios problemas nos brônquios e
pulmões. Tudo apontava para a necessidade de intervenção cirúrgica. Consistia a
mesma em remover duas a três costelas numa primeira fase e depois desta
intervenção se encontrar consolidada, haveria que remover mais duas ou três
costelas para que o pulmão ficasse devidamente acomodado.
Disto
resultaria um ombro mais alto que o outro.
O
médico assistente deu-lhe conta de toda a situação.
A resposta do Luís não se fez esperar:
A resposta do Luís não se fez esperar:
- Quanto
mais depressa for operado melhor.
Hesitante
estava o médico. O rapaz era muito novo para ficar assim deformado e decidiu:
- Vamos
esperar um mês e no final avalia-mos de novo a situação.
Decorrido
o mês a recuperação foi de tal forma que dispensou qualquer intervenção
cirúrgica.
Para
espanto de todos o Luís começou a fazer uma vida praticamente normal .
Na sua terra
natal já tinham mandado rezar uma missa pela sua alma!
Não
queriam acreditar que o Zito estava vivo.
quarta-feira, 14 de junho de 2017
MEMÓRIAS DE UM SOBREVIVENTE - A hora da Verdade - III- casos da vida real vividos
A HORA DA VERDADE
Tiveram o bom senso de manter todos os tubos ligados.
O
sofrimento da Mãe ali sentada, dia e noite, ao lado da cama, sem dormir, sem
parar de chorar, não conhecia limites.
Era o
seu verdadeiro amparo, o seu anjo da guarda em carne e osso, transmitia-lhe paz,
facilitava-lhe o pensamento, mantinha-o vivo.
«Tu não
podes emocionar-te, se desatas a chorar, como os outros, apagas-te como um
passarinho».
«Pensa
bem. O especialista que concluiu pela tua morte ignora que tenhas ouvido tal
sentença, de contrário não a teria proferido em voz alta».
«Todos ignoram
que tu ouves, escutas e pensas. Estão todos se enganados».
«É Deus
que está contigo e não vai abandonar-te».
«Deixa
de ser incrédulo».
«Foi
preciso ouvires a tua sentença de morte para despertares e para a pensares em
Deus».
«Aprende,
acredita e esforça-te para teres fé. O que tens a perder?
Só tens
a ganhar se fores ao encontro daquilo que agrada a Jesus».
«Afinal,
o que consideras como o pior que te aconteceu poderá reverter na melhor
experiência da tua existência».
«Sempre
te intrigou a resposta de Gandi, quando lhe perguntaram: O que é a verdade?
- A
verdade é Deus, respondeu.
Ora se
Deus é a verdade e a vida tens de começar por varrer do coração a mentira e
também a animosidade para com os outros, os julgamentos e as condenações
antecipadas que te atreves a proferir, a vaidade, a arrogância, a
indiferença…todo o lixo em que tens vindo a tropeçar.
«Assim tenhas
oportunidade para fazer uma tal limpeza que te facilite um novo olhar para o
mundo e para o próximo, um novo ar para respirar».
« Cultiva
uma nova dimensão espiritual. Empenha-te, trabalha e esforça-te como se tudo
dependa de ti e confia como se tudo dependa da misericórdia de Deus e do seu
perdão».
«Chegou
também a hora de dares ouvidos á tua Mãe. Foi ela quem te disse:
- Quem
rezar 1.000 “Santa Maria”, obtém a graça pedida.
Não
tens outra saída. Tens de seguir em frente…acreditar e conseguir».
«Santa
Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte…»
«Pela
primeira vez achava a oração curta, bonita e muito apropriada para o momento:
…agora e na hora…
Havia
que deitar mãos à obra. Como controlar até mil?
Contar
as dezenas pelos dedos das mãos e fixar cada dezena num dedo. Ao atingir o
último dedo das mãos passar a centena para um dedo do pé e assim sucessivamente
até atingir o último dedo dos pés, correspondente ao milhar.
……………………….
Terminou
com a convicção de não ter errado uma única Santa Maria e também com o peso de só se
lembrar de "Santa Barbara quando troveja".
Estava muito cansado, perdeu todas as energias, sentiu-se
exausto.
IV
O AMANHECER DE UM NOVO DIA
sábado, 10 de junho de 2017
MEMÓRIAS DE UM SOBREVIVENTE - A sentença de Morte - II - Casos da Vida Real vividos
A SENTENÇA DE MORTE
Estranhamente, pensava, sentia e ouvia melhor
que nunca.
Uma das
mãos esquecida durante dias sobre uma coxa ficou como cortiça por ação da
transpiração. A outra mão, que a Mãe segurava junto ao seu rosto, ficou
igualmente como cortiça das lágrimas que sobre ela derramava noite e dia.
Acrescia
o sofrimento indescritível das chagas nas costas, nádegas e nos calcanhares que
permaneciam dias a fio na mesma posição.
Certa
manhã ouviu de uma das enfermeiras: - «Olha como tem os calcanhares em ferida,
vou pôr-lhe aqui uma almofada». Ao colocar-lhe a almofada sob as pernas de
forma a elevar-lhe os calcanhares acima do colchão ela não sonhou que os havia
retirado de cima de um braseiro.
As
nádegas e as costas que estavam em idênticas condições, assim continuaram.
Aguardava,
diariamente, a hora da visita do irmão.
Recordava os primeiros dias de internamento em que, para o
animar, trazia-lhe, uma após outra, as suas melhores gravatas.
Certo
dia, deixando fugir a boca para a verdade, comentou:
-
Afinal, estás cada vez pior! Não queres ver-te ao espelho?
Enquanto procurava no quarto um espelho para
que o irmão pudesse confirmar o estado cadavérico em que se encontrava a Mãe
interrompe-o:- Estas doido! Pára já com isso.
Era
precisamente a chegada do irmão que mais esperava. As irmãs, mais novas, estavam proibidas de o visitar em face do elevado grau de contágio. .
As
circunstâncias em que se encontrava deixavam quem o visitava sem palavras.
Quando
em Vilarinho, estendido numa cadeira de repouso na varanda, lhe perguntavam: -
Está melhorzinho?
- Sim,
melhorzinho, muito obrigado.
Não
acreditavam… e retorquiam:
- Antes
estivesse, antes estivesse, menino!!!
Tudo
apontava para o irmão ver todas as suas gravatas de volta… e a breve trecho….
Ao
olhar para traz assaltavam-no a crueldade das memórias e a selvajaria das
brincadeiras.
Desde
tenra idade que não se atemorizava com rafeiro que lhe ladrasse ás pernas, nem
se detinha a pensar quais as verdadeiras intenções do bicho para correr com ele
à pedrada.
Um
apurado "sentido do humano" acolhia as rivalidades com estimação.
O próprio
médico foi objeto de uma espera, sempre feitas em sítios escondidos. Embora
bastante esmurrado, regressou a casa.
Um caso
amplamente falado na aldeia, não teve o mesmo desfecho.
O
agressor saiu de sua casa empunhando uma caçadeira, fez a espera num ermo, dois
balázios certeiros, caçadeira ao ombro e regresso a casa.
Como
não havia testemunhas, nada aconteceu, para além dos sinos a dobrar e do
enterro no dia seguinte.
A
civilização demorou a chegar ao longínquo Nordeste Transmontano.
O pai,
enervado com a presença do gato no consultório resmungou para consigo:
-
Pagava a quem matasse este gato.
O Zito não
teria mais que dois, três anos. Ouviu... Registou bem a proposta… Bichaninho… Bichaninho…Cumpriu…
e para seu espanto o resultado foi desastroso!
Não havia sensibilidade para a morte dos animais.
Não havia sensibilidade para a morte dos animais.
Quanto a
brincadeiras, bastava atirar um punhado de pedritas ao ar junto dos perus. Logo
que uma delas, na queda, atingia a cabeça de um deles, perdia de imediato todo
o equilíbrio e acabava, nesse mesmo dia, na panela.
Passando
das pedritas para as pedras de certo peso, jogar á pedrada era a brincadeira
após as aulas e o jogo só acabava com uma cabeça rachada. Tinham o privilégio
de tratamentos gratuitos.
É certo
que o meio não ajudava.
As
criancinhas não eram imunes à moldura dos comportamentos exteriores ao meio
familiar.
Tão
pouco viviam numa redoma, protegidas de qualquer contaminação.
Pelo
contrário, mantinham relações com todos, gozavam de uma liberdade total e real.
A
chegada das realidades virtuais, das "Redes Sociais",
vieram limitar as relações pessoais e aprisionaram
jovens e adultos a écrans digitais.
Ressalta, em qualquer dos casos, ausência de Deus.
Ressalta, em qualquer dos casos, ausência de Deus.
O caso
da "Santa de Vilar Chão” é exemplar.
Muito
pequeno foi com os Pais ver a "Santa" .
Autênticas
romarias de todos os cantos do país e não só, afluíam a Vilar Chão com o mesmo
fim.
Achou-a
muito branca e muito magra e ouviu o Pai dizer a um colega:
-
Aquela cruz que tem nas costas da mão não tem nada de natural, é uma ferida
provocada, tem os tecidos macerados. Estão a sacrificar a pobre rapariga.
Não
decorreu muito tempo para se espalhar a notícia de que o padre da terra, o
médico e familiares procuraram “fabricar” uma “santa” para chamar gente ao
lugar.
Este
caso não ajudou os que defendiam as aparições em Fátima.
Neste caso
foram os adultos a por em causa os relatos dos Pastorinhos, ao ponto de também
os sacrificarem, pela forma como os procuraram desacreditar.
A
verdade é que as crianças resistiram e defenderam os relatos das suas visões
até à morte.
Uma
coisa é não compreendermos, não acreditarmos, não termos fé.
Outra,
muito diferente, é o respeito que devemos aos que acreditam e quem têm fé.
Despertava
agora para a sua tomada de consciência.
Nunca
descera ao seu interior, nunca procurou saber se tinha controlo sobre a sua
vida, sobre o seu pensamento, sobre os seus sentimentos, sobre o valor que todo
este conhecimento interior teria na sua conduta, na sua consciência.
Era
chegada a hora de empreender essa viagem de peregrino ao seu mundo interior, de
virar a página das preocupações mesquinhas de todos os dias, dos meros pesares
de criancinha que sofre porque nada controlam.
Na medida
em que a medicação não atuava e a tuberculose galopante o minava o Pai e o
médico assistente convocaram o melhor especialista pulmonar do Porto para uma
melhor avaliação do quadro clínico.
Sentia
ter chegado a hora da verdade.
Qualquer
que fosse o resultado, tinha de controlar as emoções e manter-se sereno.
Depois
de um exame demorado das radiografias, análises clínicas e de todos os
elementos disponíveis, o especialista concluiu:
-Nada
podemos fazer pelo rapaz. O Dr. leve o seu filho para casa. Em casa terá uma
morte mais descansada.
O pai,
alarmado, não hesitou na resposta:
-Morte
descansada tem ele aqui. Se o tiro da cama e o ponho numa maca mato-o.
Todos concordaram.
Concordaram
também parar com toda a medicação uma vez que estavam a sacrificá-lo
inutilmente.
Era a confirmação da sentença de morte.
Vista da Capela Nossa Senhora da Fé
Segue:
III
A HORA DA VERDADE
quarta-feira, 7 de junho de 2017
MEMORIAS DE UM SOBREVIVENTE - Premonição - I - Casos da Vida Real vividos
I
PREMONIÇÃO
Em
meados do século passado, nos meios rurais distantes dos grandes centros, eram
poucas as famílias com recursos para assegurar a continuação dos estudos dos
filhos após a instrução primária.
Esta
limitação abrangia mesmo a classe média.
O médico
de Vilarinho da Castanheira, Nordeste Transmontano, internou o filho mais velho
num colégio na cidade do Porto, mas quando o filho que se lhe seguia concluiu a
instrução primária teve de alugar uma casa, no Porto, Travessa Nossa Senhora da
Conceição, pois havia que pensar na
continuação dos estudos duas raparigas mais novas.
A
esposa ficou com os filhos e ele regressou às suas atividades na aldeia.
O
mais velho continuou matriculado no Colégio Almeida Garrett como aluno externo,
o mais novo frequentou o 1º.ano da Escola Comercial Raul Dória, na Rua Gonçalo
Cristóvão e a Escola Comercial Oliveira Martins na Rua do Sol nos anos
seguintes. As irmãs a Escola Primária mais próxima.
A
vida solitária do médico na aldeia durou poucos anos.
Adoeceu
gravemente e a esposa teve de regressar para cuidar dele.
A
partir daí as filhas ficaram numa pensão e os filhos noutra. As preocupações
aumentaram e as despesas também.
O
mais velho, bom aluno até aos primeiros anos de Medicina, novas convivências -
particularmente femininas - originaram resultados cada vez mais fracos.
Para o Luís aulas, disciplinas, estudar sempre foi uma
grande "seca", chegava mesmo a não comprar os livros de algumas
disciplinas.
Com frequência substituía as aulas pelo bilhar, passeio, Biblioteca
Municipal no Jardim de S. Lazaro e também pelas livrarias.
As
irmãs eram também diferentes uma da outra. A mais nova identificava-se com o
irmão mais velho, a mais velha era mais próxima do irmão mais novo, embora
distante dos seus excessos.
Certa
manhã, o médico acordou mais cedo que o habitual, ainda de noite. Teve um grande
sobressalto e não resistiu a acordar a mulher para lhe dar conta do mesmo:
-Aconteceu
coisa grave ao Zito.
A
mulher retorquiu:
- Ó
homem, dorme, andas tão preocupado com eles e nem descansas...
Mas
ele insistiu:
- Tive
um pressentimento... O Zito está mal. Temos que telefonar.
O
telefonema confirmou que o Zito estava realmente bastante mal.
Tudo
começou com uma grande constipação, muita tosse, temperatura muito alta, acabando
por jorrar sangue ao tossir.
Havia
tuberculizado anos antes, tratava-se de uma recaída.
Muito descanso, bem medicado, recuperou.
Um
conjunto de bons amigos visitavam-no diariamente e mais que uma vez por dia. Todos
o ajudaram imenso das mais diversas formas.
Um
lera-lhe O Tempo e o Vento, de Eurico Veríssimo, centenas de páginas. Era um criativo,
destacou-se como empresário de sucesso.
Outro
declamava-lhe poesia, destacou-se como ator e encenador largamente premiado. Foi
um dos fundadores da Companhia de Teatro Seiva Trupe, Juntamente com dois
amigos do mundo artístico.
Outro,
trabalhava e estudava, era de todos o mais organizado e atilado, constituiu uma
Sociedade de Revisores Oficiais de Contas.
Outro,
embora proibido pela mãe por natural receio de contágio - a tuberculose é
altamente contagiosa - mesmo assim, ali estava também todos os dias, sempre com
uma boa disposição contagiante.
Muitos
outros, colegas e amigos, por ali passaram aliviando o seu sofrimento.
O pai
foi nessa manhã para o Porto e nesse mesmo dia internou-o no Sanatório
Rodrigues Semide.
O contributo
do Sr. Fleming com a descoberta da penicilina e de todos aqueles que em
condições adversas se entregaram à investigação de outros produtos, foram
decisivos para vencer uma doença, até então, mortal.
A
mesma que vitimou os pais da mãe do Luís, deixando-a órfã aos 3 anos.
Apesar
de ser mais complicado desta vez, o Luís melhorou bastante.
Chegada
a primavera foi para aldeia onde tinha boa alimentação e bons ares.
Só
precisava descansar. Com a ajuda da medicação, teria tudo para recuperar.
Naquela
terra nada acontecia e sossego não era com ele. Ouvia rádio, lia e passeava a
cavalo, por vezes de forma desabrida, numa belíssima égua.
Sem se
saber porquê a tosse regressou subitamente, acompanhada das hemoptises.
Teve
de vir um especialista do Caramulo, numa noite de tempestade, por estradas
intransitáveis, para o submeter a um pneumotórax (consiste em insuflar ar entre
a pleura e o pulmão, comprimindo assim este órgão).
O
objetivo de tal compressão é fechar o vaso doente e assim suster o derrame de
sangue.
O
médico, com uma estranha boa disposição, atendendo ás circunstâncias, não deixou
de avisar que aquele tratamento era muito arriscado. Aconselhou o seu internamento no sanatório, mal recuperasse forças para a viagem.
Entretanto,
perguntou por presunto, champanhe, pão e queijo…. Comeu, bebeu e convidou o seu
doente a fazer o mesmo. Nada lhe faria melhor que um bom presunto e uma boa
“pinga”, dizia.
No
dia seguinte as hemoptises regressaram com mais violência. O médico foi de novo
chamado e não havendo outra forma de estancar o sangue, jorrava sempre que
tossia, antes de repetir o tratamento da véspera, único possível, avisou o
colega que o mesmo tanto podia ajudar, como matar o rapaz. Era urgente leva-lo
para o Sanatório, o que teve lugar no dia seguinte.
Seguiram
de táxi para a Estação do Tua e de comboio para S. Bento - embora não fosse
permitido viajar de comboio naquelas condições - para dar de novo entrada no Sanatório
Rodrigues Semide.
Não
havia medicamentos que atenuassem a tosse nem hemostáticos que contivessem um
fio de sangue teimava em escorrer pelo canto da boca.
Passou
a ser alimentado com soro, frequentes transfusões de sangue e a respirar com ajuda
de oxigénio.
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