quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

O MEL NEGRO DAS DISSONÂNCIAS


«Procurai a mais bela harmonia, essa que é o mel negro das dissonâncias» R.R.
Este pensamento de R. Rolland, retirado do seu romance «A Alma Encantada» inspirou o titulo deste blogue.

Entre os autores que viveram o terror de duas Guerras Mundiais destacam-se Romain Rolland e Stefan Zweig. Ambos humanistas, pacifistas.

«O MUNDO DE ONTEM» de Stefan Zweig - devia ser de leitura obrigatória  -  considera R. Rolland: «O mais humano de todos os escritores». Mais à frente confessa: «Este amigo era o homem mais eminente desse momento solene para o mundo»  e  acrescenta: «Sabia que falava com a consciência moral da Europa».

R. Rolland tinha a visão do missionário que procura a fraternidade universal: «procurar o humano - sob todas as diversidades da casta, ir direito ao coração»…«Sob a diversidade do trajo, a fraternidade do sangue». RR.

O tema das dissonâncias, como as harmonizar e aplicar à vida estava sempre presente: «O trabalho do pensador (e também do sábio) está, precisamente, em apreender os contrários e explica-los por um princípio superior….». R.R.

Vem isto a propósito, principalmente, dos políticos que se referem aos adversários ou opositores como inimigos, só porque não partilham a mesma ideologia ou o mesmo pensamento.

Distinguem os amigos que pensam do mesmo modo com o elogio: «É amigo do seu amigo», como de grande virtude se trata-se.
Tudo gente “muito humana”!

R. Rolland lutou sempre por salvar valores e afinidades, confessa:

«Nada me toca tanto como o testemunho de simpatia que mutuamente se tributam dois homens de pensamento diferente e, sob certos aspetos, oposto. Sou-lhe, quase, mais sensível que à simpatia entre dois companheiros de pensamento e de ação. Sinto no primeiro esta fraternidade em Deus que sempre me pareceu o mais alto  ideal à face da terra.» RR

Sonhava, assim, edificar uma entente dos homens de boa vontade.