UM CAVALO NEGRO
Haverá que registar os programas alterados pelas Agências há última hora, com o objectivo de incluírem viagens opcionais. Isto quando já temos a mala feita e toda a expectativa da viagem. O novo programa contempla, então, dia livre em hotel isolado, a dezenas de quilómetros de qualquer centro, não havendo alternativa ás visitas pagas.
A travessia da cidade do Cairo a caminho do Hotel faz esquecer todas estas habilidades. Metidos num trânsito verdadeiramente caótico onde vale tudo incluindo aproveitar a viagem para dialogar, ou discutir, com os passageiros das viaturas vizinhas, portas das viaturas meias abertas, cabeças acima dos tejadilhos, num cavaquear e ziguezaguear verdadeiramente arrepiantes, em plena auto-estrada.
Não menos arrepiante a extensão das áreas de habitação degradada e de auto construção apoiada, dentro da cidade, com montanhas de lixo nas zonas de habitação onde até jazia um cavalo morto.
Também não está nas mãos de um transmontano comum, descrever quanto pode observar durante meia dúzia de dias em que desfilaram perante o seu olhar e das suas câmaras de filmar e fotografar verdadeiras maravilhas da natureza e do génio criativo do homem.