TIRO O MEU CHAPÉU AOS EMPRESÁRIOS, HOMENS DE NEGÓCIOS, EMIGRANTES E MIGRANTES
Não podem ser esquecidos!
Começo pelos que assumiram cargos para que foram eleitos.
-
Presidentes da Direção e da Assembleia Geral da Casa do Povo:
- Guilhermino Mesquita e Albano Barbosa, respetivamente.
Ao convidarem o médico que ali fixou residência para a assinatura de um Contrato de Prestação de Serviços Médicos, anexo cópia, asseguraram, a partir de 1 de junho de 1938, condições de saúde que o SNS não abrange.
Basta
referir: Nº.2-A visita nos seus domicílios de todos os sócios…que estejam
impossibilitados de vir ao consultório.
Nº.3-Atender
em qualquer dia e a qualquer hora os sócios…que urgentemente necessitem dos
seus serviços clínicos.
Este
contrato era extensivo a Pinhal do Douro mediante o pagamento de 1 escudo por
Km.
Para além dos compromissos do contrato o médico também prestava os mesmo serviços em Vilarinho e populações vizinhas, numa vasta área que cobria Coleja, Lousa, Valtorno, Mourão e Fonte Longa.
Os
que emigraram ainda hoje demostram que nunca se esqueceram da terra. Limito-me
a recordar Carlos Pinto Cordeiro.
Muito
jovem foi para o Porto carregar com sacos dos armazenistas da Rua Mouzinho da
Silveira, onde mais tarde se afirmou um das mais importantes da zona.
O Armazém tinha uma placa em ferro forjado acima das portas e outra no chão em toda a extensão da frente do armazém com o seu nome: CARLOS PINTO CORDEIRO. [Sempre o encontrei ali vestido com uma bata e de vassoura em punho, mais parecendo um empregado].
Foi quem financiou a criação da Banda Musical que muito contribuiu para animar a vida de um povo que procurava sobreviver.
Nos
dias de festa a Banda percorria as ruas da aldeia, com paragem nos largos, como
o do Pelourinho e casas mais importantes da vila.
Nas
Festas havia dois coretos, alinhados a seguir à Casa dos Milagres, onde
recolhia o andor da Nossa Senhora da Assunção.
Normalmente duas bandas tocavam ao desafio em disputa do prémio… «O Ramo», como era designado.
Também atuavam nas populações vizinhas.
Os ensaios na Rua da Cadeia animavam as noites sem vida da aldeia e eram muito concorridos.
O médico adorava música, era dos mais assíduos nos ensaios e concertos, com frequência acompanhado dos filhos de tenra idade. Na sua sala de visitas tinha uma grafonola da sua altura com Álbuns de obras completas de Wagner, Beethoven, e muitos outros clássicos. Nas suas idas ao Porto convenceu o primo Carlos a custear a criação duma Banda. Creio que ainda atua.
Recordo
Manuel António Veiga. Emigrou muito novo para os EUA onde casou com uma natural
de Vilarinho. Regressou á sua terra natal e daí migrou para Vilarinho.
Construiu casa, comprou terrenos agrícolas, estabeleceu-se como armazenista de sal que vendia a consumidores e comerciantes. Teve um papel interventivo na vida parada da aldeia o lhe granjeou notoriedade. Foi convidado pelas autoridades locais para assumir a exploração da Estação Postal de Vilarinho da Castanheira.
Limito-me a referir os que conheci melhor.
É
o caso do Engº. Macedo dos Santos, Diretor Geral dos Serviços de Urbanização.
Estendeu a estrada de Vilarinho aos Lagares do Douro, onde tinha lagares de azeite. A partir da Capela de S. Bartolomeu o caminho é sinuoso e extremamente inclinado. A estrada facilitou o acesso ao rio Douro e á Estação dos Caminhos de Ferro, onde uma barcaça fazia o transporte para a Estação.
Alquitarras - Alambique - Proprietários e exploradores: Aguiar Tavares
numa dependência da sua casa e
Dr. Arnaldo Fonseca, na Rua de Trás.
Lagares de Azeite: Aníbal Sá ao Cano, Assis, na Rua de Trás e Alfredo Costa (Filho) no fundo da aldeia.
na Quinta do Louvazim de Manuel Pizarro.
nos Lagares do Engº. Macedo dos Santos.
Pensões: No Cano de Aníbal Sá.
Na Feira de Sra. Olinda e Sr. Cassiano.
Na Sra. do Rosário do Sr. Manuel Guarda.
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Estou a escrever estas linhas e a ouvir a Presidente do Conselho de Sabrosa
classificar de terrorismo os incêndios que de ano para ano cada vez é maior a
área ardida. Este ano já reduziu a pó o equivalente a 40 campos de futebol. É
assim em todo o território e o que ouvimos também é reclamar mais meios para o
combate, puro negócio para muitos, provável incentivo aos incendiários.
Desta forma interrogo-me qual é o papel das principais figuras do Estado português.
Perante um povo condenado ao inferno dos incêndios, assistimos impotentes á
forma assustadora como é tolerado o caminho aberto para o terror. Criminalizado
com “punhos de renda”!
Somos um povo passivo. Conformamo-nos com a desgraça e só reagimos quando a mesma nos bate à porta. A sociedade civil não usa o direito á indignação.
Lembro os meus poetas de Abril. José Afonso: «Grândola Vila Morena» e Ari
dos Santo: «As Portas Que Abril Abriu».
Cito Ari dos Santos «…que aos Capitães progressistas/o povo deu o poder!/E se esse poder um dia/o quiser roubar alguém/não fica na burguesia/volta á barriga da mãe!/volta á barriga da terra/que em boa hora o pariu/agora ninguém mais cerra/as portas que abril abriu».
Ari não contou com a irresponsabilidade das mais altas figuras do Estado
que permeia os terroristas com a impunidade.
Para uma melhor compensam cito também Romain Rollad (1866/1944) na introdução do seu livro Clerambault:
«Quem quer ser útil aos outros tem de principiar por ser livre… Almas
livres, carateres íntegros, eis o que mais falta no mundo de hoje».