6 de agosto de 2025

NUNCA SERIAMOS O QUE SOMOS SE NÃO TIVESSEMOS UM PASSADO---

 

A FAMILIA CORDEIRO
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Em maio de 2020 prestei aqui Homenagem a Belarmino Augusto Cordeiro, até hoje, durante mais de 30 anos, o único médico residente em de Vilarinho da Castanheiro.

Quando os Ventos do Nordeste Transmontano o empurraram para a cidade, nada ficou como dantes naquela terra.

[Um apagão de alguns anos no computador abrangeu esta publicação de 2016 o que me levou a tornar a publicar em 2020].

https://pugadassis.blogspot.com/2020/05/medico-residente-em-vilarinho.html#comment-form

Recebi de Rui Alves em 28/05/2016 [Um desconhecido] o comentário: «Nunca seriamos o que somos se não tivéssemos um passado e o seu foi enriquecedor».

Vilarinho da Castanheira, situado no Nordeste Transmontano, a uma altitude média de 576 metros é a terra onde nasci em Dezembro de 1938.

Conhecida por "terra fria" pelo rigor do frio causado pelos nevões que deixavam as casas quase soterradas pela neve. Como os tetos das cozinhas não tinham proteção a neve infiltrava-se por entre as telhas e molhava o chão geralmente em pedra.

Com os caminhos cobertos de neve, na ida e no regresso das aulas, enterrava-mos as pernas por completo na neve.

Na escola não havia aquecimento, as mãos gelavam com tanto frio.

No recreio, para aquecer, lutávamos e brincávamos com a neve, quer a fazer bolas gigantes, quer a atirar com bolas uns aos outros, Assim, ficava-mos com as mãos a "ferver".

Quando chovia em cima da neve o solo congelava, o codo deixava os caminhos intransitáveis. Nas inclinações não conseguíamos manter-nos de pé e os animais caíam e deslizavam a toda a velocidade só parando com grande alarido quando esbarravam contra uma parede.

A povoação ficava prisioneira do gelo e da neve, com as casas quase soterradas e os caminhos com os solos congelados.

Por outro lado este clima favorecia o fumeiro das carnes de porco: presunto, alheiras, salpicões, paios, linguiças e outros enchidos,assim preparado para o consumo. Graças ao frio extremo, o fumeiro ficava com um aroma e paladar inigualável.

Também é inesquecível a beleza do manto branco da paisagem, o brilho do gelo pendente dos beirais dos telhados da água que congelava no ar antes de cair no chão, semelhantes a estalactites, com o brilho do puro cristal.

A juntar a tudo isto, observar o voo das aves de grande porte, gavião, águia e bufo real, que deixaram de ser vistas há longos anos; encarar de frente, olhos nos olhos, um lobo esfomeado; os pastores enfrentam-nos, sabiam que o lobo é um animal cobarde foge quando acossado pelos cães de guarda ao rebanho e só ataca o gado. O homem sim, é o lobo do próprio homem.

Tudo quanto precede fortalece a alma do transmontano, são dádivas do céu para toda a vida.

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Nota: Vou retomar este tema muito em breve. L.C.

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