Caros Amigos
Na semana passada, bárbaros infiltrados nos Serviços
Públicos de Saúde, deitaram cá para fora que a vacina contra o Coronavírus
poderia chegar até ao fim do corrente ano mas que cidadãos maiores de 75 anos
não tinham direito a tal imunizador.
De imediato, o Presidente da República faz o
desmentido, acrescentando que pessoas com responsabilidade na saúde não podem
ter ideias tontas. - Permito-me acrescentar, abrigado pela lógica: - se têm
ideias tontas, não podem ser pessoas responsáveis na saúde pública. Acontece,
porém, que até à data os cidadãos ainda não tiveram conhecimento da dispensa
imediata de tais barbaridades!
- Nesse mesmo dia o jornal Público, na primeira
página, informava que maiores de 75 anos não tinham direito à vacina. Mas,
depois das reações do Presidente da República e do Primeiro Ministro, logo no
dia seguinte diria o contrário: Afinal os maiores de 75 anos vão ter direito às
vacinas. Ainda neste dia a Organização Mundial da Saúde informava: - os
prioritários na vacina devem ser: - profissionais da saúde e idosos. (Ponto
final).
Passados 2 dias e ao fim de 9 meses (!!!) aparece mais
uma vez a Ministra da Saúde, com ar de muito boa disposição, a anunciar que as
farmácias na primeira fase não terão vacinas e que a campanha para a massificação
da vacina iria ser nos Postos de Saúde Pública, e agora não esquecia de incluir
os idosos.
Então:
1) - Fiquei muito apreensivo;
2) - Esta Senhora Ministra não deve conhecer a
realidade deste país, pois que:
3) - Os Postos de Saúde não têm pessoal para estar
8/10/12 horas diárias a dar vacinas e nem as instalações dos Postos têm
condições para tal;
4) - Nesta altura já deveriam estar a selecionar
estudantes de Medicina - Farmácia - Enfermagem e de outros cursos de saúde para
a formação na aplicação das vacinas;
5) - Vários países já têm a logística pronta e agora
aguardam a chegada das vacinas;
Será de lembrar o que disse o Ministro da Saúde da
Alemanha: - prefiro ter toda a logística pronta esperando as vacinas, do que
ter vacinas esperando a logística.
6) - Sobre a constituição da tal Comissão para tratar
da vacinação desta, temos conhecimento do coordenador, sendo público que vai
ter representantes das Forças Armadas, da Proteção Civil, do Infarmed, etc.,
mas ainda não disseram nomes;
7) - Naturalmente que os locais para a vacinação terão
de ser quintuplicados, serão precisas centenas de pessoas aptas para aplicar as
vacinas e todas as farmácias com pessoas preparadas, fornecidas pela Direção
Geral de Saúde, como reforço do pessoal da própria farmácia.
Tudo isto, tarda e muito à campanha de vacinação
para milhões de pessoas.
E agora, prezados senhores diretores da APRE, estranho
e muito, o silêncio que até me parece sepulcral sobre tudo isto.
Desgraçadamente, se não aparecerem vozes ativas e de
direito, acontecerá o mesmo que tivemos com a vacina da gripe. - Também é um
assunto que é possível vir a dar muito que falar. - Para pensar: - em anos
anteriores já teriam morrido várias pessoas com a gripe. - Não acham?
Contra toda esta incapacidade, p.f. vozes ao alto.
Atentamente
Júlio Azevedo Barreira C.
Júlio Cardoso não precisa de apresentações. Com sessenta anos dedicados à
grande arte de representar, encenar e ensinar, nunca foi passivo em coisa
alguma, nunca se resignou, ousou sempre destacar-se com provas dadas na defesa
de causas.
O caso da venda e demolição do Teatro Tivoli e da venda do Coliseu dos
Recreio no Porto. Lá permanecem graças ao espirito de luta dos nortenhos
e ao combate dos seus artistas.
Também se destacou na India, em tempo de guerra, ao serviço da rádio
portuguesa local. Feito prisioneiro num campo de concentração, sujeito a
trabalhos humilhantes e há probabilidade de enfrentar um pelotão de
fuzilamento, o que jamais se esquece, foi dos últimos a abandonar o campo.
Amigos desde tenra idade, orgulho-me de me associar ao protesto que
divulgo, por ver arrancada a máscara que afivelam ficando a nu toda a
irresponsabilidade e descrédito dos responsáveis pela saúde.
Por outro lado é com a mais profunda tristeza que tenho vindo a observar a
desumanidade dedicada aos idosos: despejados como “coisas” descartáveis nos
lares, abandonados nos corredores dos hospitais ou devolvidos ao domicílio por
falta de tudo, condenados a morrer de qualquer modo porque ficam caros ao
estado. É a hora de nos indignarmos.
«….não podemos deixar ninguém caído…… Isto deve
indignar-nos de tal maneira que nos faça descer da nossa serenidade
alterando-nos com o sofrimento humano. Isto é dignidade». (68)
Papa Francisco – Fratelli Tutti –
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