quarta-feira, 1 de julho de 2020

O QUE É A VERDADE?

Ainda sobre «UMA LUZ AO FUNDO DO TÚNEL» um familiar questionou-me: - Atravessaste mesmo o túnel e a ponte???

O facto de não ser passivo em coisa alguma, não justifica ser excessivo, o dá lugar a interrogações. Eu sei! Ninguém é perfeito.

O que poucos sabem é o meu esforço para alcançar três objetivos:
1ª. Respeitar a verdade para comigo mesmo. Em consciência, nada poderia esperar da vida sem este requisito.
2ª. Ter Fé, apoiada em actos. É caminho para a paz e para a eternidade.
3ª. Amar as pessoas tal como são e o mundo tal como é.

Não é fácil!

Stefan Zweig em O Mundo de Ontem: «Não se elimina nunca completamente aquilo que cada ser humano, quando criança, recebe do meio que o cerca».

Não pretendo esconder-me com esta realidade, mas a verdade é que nasci, numa recôndita e primitiva aldeia do mais profundo Nordeste Transmontano, precisamente no ano em que deflagrou a 2ª. Guerra Mundial. Os primeiros indícios de civilização só ali chegaram alguns anos após me ter deslocado para o Porto para continuar estudos.
  
Desta forma, os velhos como eu, nasceram e cresceram numa Europa dominada por ferozes ditaduras.

As democracias falharam.

As grandes ideologias totalitárias mentiram aos seus povos. Fascismos, bolchevismos, comunismos, nacionalismos nazis, desenvolviam uma propaganda com abstrações mortífera, não poupavam a vida a quem, com a verdade, pretendesse desmontar a mentira vigente.

De todas as ditaduras a mais suave foi ainda a de Salazar, sempre a coberto da mentira. Mesmo assim o «25 de Abril de 1974» veio libertar um sem número de presos políticos, não se sabendo quantos foram assassinados por “crimes de opinião”.

No dia 4 de Julho de 2019 reportei, neste blogue, ao caso «DREYFUS», um inocente condenado a prisão perpétua. 
Este caso ilustra bem como o poder político e militar, evocando o “interesse nacional”, se sobrepõe à justiça individual. Zola sacrificou os últimos anos da sua vida para repor a verdade. Faleceu em 1902. O processo arrastou-se de 1898 até 1906.
  
Bernardo Bertolucci, em «NOVECENTO (1900)», ao longo de 317 minutos, tempo de duração do filme, documenta bem os horrores do fascismo em Itália.

Muitos foram os que pagaram com a vida a conquista da liberdade para que as novas gerações, sem temor,  denunciem a mentira que persiste.

Persiste nas mais variadas formas, quer na sociedade civil, quer no poder politico. Cada um a torneia à sua maneira. O poder político usa os números e as percentagens para a disfarçar.

Um exemplo: Os governantes aconselham um distanciamento impossível de manter nas horas de ponta, com os transportes públicos a abarrotar por quantos precisam de chegar ao trabalho. Desta forma os contágios não param de crescer com consequências dramáticas para as famílias e população em geral.
Surge o político “experiente” a justificar que a ocupação dos transportes públicos não vai além dos 30%. 
Ao fornecer a percentagem do dia de circulação, ilude o centro problema - as horas de ponta -. Esta percentagem não passa de uma mentira e a gravidade dos contágios tem responsáveis! 

Tolstoi despertou consciências: «… …… uma verdade que adotamos de olhos fechados, uma verdade por submissão, uma verdade por condescendência, uma verdade por servilismo – essa verdade não passa de uma mentira». 
E convoca-nos: «Homem, levanta-te! Abre os olhos, olha! Não tenhas medo! O essencial não está em amealharmos uma rica ciência, mas, pequena ou rica, nossa e nutrida do nosso próprio sangue, e filha do nosso livre esforço. A liberdade de espírito é o supremo tesouro».   L´Esprit libre, 1 de Maio de 1917. 

À pergunta em questão, respondeu Gandi: «A verdade é Deus».

A verdade tem uma dimensão divina.

Cristo, crucificado com a mentira dos homens - «Um milagre que dura há mais de vinte séculos» - anuncia-nos:

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida….”