16 de agosto de 2025

TIRO O MEU CHAPÉU AOS ARTESÃOS E AGRICULTORES DA MINHA TERRA

Tocam os sinos na torre da igreja

Há rosmaninho e alecrim pelo chão

Na nossa aldeia, que Deus a proteja!

Vai passando a procissão

Não podem cair no esquecimento os agricultores que arrancavam dos solos pobres das suas propriedades toda a riqueza possível.

Principalmente os mais humildes que por não terem um palmo de terra sobreviviam, mal pagos, e com redobrados sacrifícios, em jeiras de «sol-a-sol”. 

As más condições de vida, os aumentos da população que em meados do século passado registava taxas de natalidade muito superiores á mortalidade, deram lugar a uma emigração em massa principalmente a norte do país. 

Chamo aqui a atenção para O 25 de Abril de 1974, que pôs termo á ditadura de Salazar e abriu caminho para as liberdades individuais. Marcou um ponto de viragem histórico da maior importância para o nosso povo. 

Surgiram novos Partidos Políticos e sindicatos a defender os interesses dos trabalhadores ao ponto de, nos centros urbanos, paralisarem os transportes, impedindo os que não participam na greve de ganhar o dia. 

Creio que o atual governo vai por termo a esta situação, imposta pela Central Sindical afeta ao PCP, que viola o direito ao trabalho. 

Os agricultores nunca tiveram quem os defendesse com este poder e foram sempre “deixados para trás”  por todos  os governos. 

Mas vamos aos nossos artesões.

São verdadeiros artistas e mestres. Criar com as próprias mãos é um dos modos de vida mais bonitos para o ser humano. 

Graças o um patrício e amigo de sempre consegui a melhor informação para que a grande maioria dos artesãos não fosse esquecido. 

Começo por um vizinho e um bom amigo: 

Sapateiros - António “Ferrugem” – Meu vizinho no Largo do Rosário e o António; o Luís e o Alfredo instalados, o primeiro perto da Sra. do Rosário, o segundo num lado do Largo da Feira (1)

Serralheiros e forjas - O Velho ( com dignidade) Ginjeira e Francisco António Leão (2) 

Albardeiros - José Maria "da Caseira" (3).

Capadores e Ferradores - "Velho" Ginjeira e o Aníbal, casado com a Magna.

Talhos e Açougues – Quirino, mais tarde o filho João, Largo da Rua da Cadeia r/c e na Feira. 

Latoeiros - Fernando, do Largo de Stº. António; Batista, no Pelourinho e um outro perto da oficina do Artur alfaiate. 

Soqueiros – Os Boavidas, O António e o Abilio. 

Moleiro do Moinho da Ribeira das Tábuas – Aleixo e Luís Catorze

Forneiras – Adelaide, Lídia Batista, Olinda da Feira, Angelina Paulina Monteiro por trás da casa da D. Homera Moutinho quando se ia para a fonte da Urraca.

Cesteiros – Afonso e Sebastião, família dos Monteiros.

Costureira - Gravelina - no caminho para a fonte da Urraca

Tecedeira – Olívia e irmã de Luís Costa.

Alfaiates - Abílio e Artur da Rua da Cadeia;

Carpinteiros - Chamberlain, outro bom amigo, também na Rua da Cadeia e o Vieira.

Barbeiros - Belarmino, Aníbal, também na Rua da Cadeia e João Grande, Areal

Forno de Telha: No Coito e imediações da Pala da Moura onde se fabricava telha .

 Estes artesãos nunca beneficiaram dos privilégios dos “citadinos”, como Cursos de design contemporâneo, novas formas de produção e workshops, a que correspondem outras fontes de rendimento. 

Não resisto a deixar aqui uma nota pessoal. O amigo de sempre que atrás refiro vive na Maia. Estava eu no Porto, de visita aos meus pais, telefonei-lhe e ele convidou-me para dormir em sua casa e assim partirmos cedo para Vilarinho, onde eu não ia há mais de 10 anos. [Confesso ter sido a única viagem na minha vida em que não me foi permitido gastar um centavo].

Decorreram perto de 20 anos, mas nunca consegui esquecer uma visita que fizemos ao Museu. Fiquei perplexo.

Como é possível não ver ali representado um único artesão de Vilarinho, quando deviam estar todos ?

Gostava que alguém me desse uma razão. A não acontecer sou levado a acreditar terem sido burocratas, “mangas d’alpaca”, ignorantes e distantes de Vilarinho. 

Não termino, como é meu hábito, com uma nota positiva, o que pode reverter se bater na consciência de alguém com dignidade e poderes para tal. 

(1)- Oriundos da freguesia das Seixas, Vila Nova de Foz Côa aqui fixaram abriram oficina de sapataria. Ambos ensinaram a profissão a jovens aprendizes que os procuravam. Eram oriundos da freguesia e das limítrofes - Valtorno, Castedo, Cabeça Boa, Seixas .... Tal oficina seria hoje equivalente a uma Escola Técnico Profissional de Técnicos da Sapataria. Em Vilarinho desses aprendizes, ali aprovados e com capacidades demonstradas dois deles abriram oficina própria na aldeia - O António "Ferrugem" na Sra. do Rosário numa dependência da casa da Mãe e o António conhecido pelo filho da Tecedeira e irmã dos Costas  outra oficina nos baixos da sua residência no caminho para a fonte do Cano.

(2)- Trabalhavam o ferro executando enxadas, picos ,ferraduras, canelos, pistolos, cinzéis, guilhos … antes emigrado nos Estados Unidos, regressado, instalou-se em casa própria perto do lugar da Feira e além do exercício da profissão, foi inventor de um tipo de nora para tirar água dos poços movida por animal. 

(3)- Grande Amigo  e mau só para ele e o irmão. Um que veio de fora, com origem cigana e aqui acabou por ser aceite e perfeitamente integrado. O irmão do José Maria acabaria por ir viver para Freixo de Numão onde casou  e continuou a exercer a profissão até emigrar. 

(4) Possuía atelier próprio para a confeção de roupa do sexo feminino e arranjos. Hoje em dia seria uma Técnica Profissional de Alta Costura.

Povo que lavras no rio,

Que talhas com teu machado
As tábuas do teu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida não!

Pedro Homem de Melo
Meu professor de português

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Notas:

Voltarei a este tema porque muito ficou por dizer.

Também não podem ficar esquecidos os empresários, os homens de negócios, os que migraram e emigraram, os criativos e os que ousam destacar-se, almas livres, carateres íntegros que pensam nos outros.

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Escrevo para memória futura. Não tenho pretensões literárias. LC.

6 de agosto de 2025

NUNCA SERIAMOS O QUE SOMOS SE NÃO TIVESSEMOS UM PASSADO---

 

A FAMILIA CORDEIRO
Clique na imagem para ver toda a fotografia

Em maio de 2020 prestei aqui Homenagem a Belarmino Augusto Cordeiro, até hoje, durante mais de 30 anos, o único médico residente em de Vilarinho da Castanheiro.

Quando os Ventos do Nordeste Transmontano o empurraram para a cidade, nada ficou como dantes naquela terra.

[Um apagão de alguns anos no computador abrangeu esta publicação de 2016 o que me levou a tornar a publicar em 2020].

https://pugadassis.blogspot.com/2020/05/medico-residente-em-vilarinho.html#comment-form

Recebi de Rui Alves em 28/05/2016 [Um desconhecido] o comentário: «Nunca seriamos o que somos se não tivéssemos um passado e o seu foi enriquecedor».

Vilarinho da Castanheira, situado no Nordeste Transmontano, a uma altitude média de 576 metros é a terra onde nasci em Dezembro de 1938.

Conhecida por "terra fria" pelo rigor do frio causado pelos nevões que deixavam as casas quase soterradas pela neve. Como os tetos das cozinhas não tinham proteção a neve infiltrava-se por entre as telhas e molhava o chão geralmente em pedra.

Com os caminhos cobertos de neve, na ida e no regresso das aulas, enterrava-mos as pernas por completo na neve.

Na escola não havia aquecimento, as mãos gelavam com tanto frio.

No recreio, para aquecer, lutávamos e brincávamos com a neve, quer a fazer bolas gigantes, quer a atirar com bolas uns aos outros, Assim, ficava-mos com as mãos a "ferver".

Quando chovia em cima da neve o solo congelava, o codo deixava os caminhos intransitáveis. Nas inclinações não conseguíamos manter-nos de pé e os animais caíam e deslizavam a toda a velocidade só parando com grande alarido quando esbarravam contra uma parede.

A povoação ficava prisioneira do gelo e da neve, com as casas quase soterradas e os caminhos com os solos congelados.

Por outro lado este clima favorecia o fumeiro das carnes de porco: presunto, alheiras, salpicões, paios, linguiças e outros enchidos,assim preparado para o consumo. Graças ao frio extremo, o fumeiro ficava com um aroma e paladar inigualável.

Também é inesquecível a beleza do manto branco da paisagem, o brilho do gelo pendente dos beirais dos telhados da água que congelava no ar antes de cair no chão, semelhantes a estalactites, com o brilho do puro cristal.

A juntar a tudo isto, observar o voo das aves de grande porte, gavião, águia e bufo real, que deixaram de ser vistas há longos anos; encarar de frente, olhos nos olhos, um lobo esfomeado; os pastores enfrentam-nos, sabiam que o lobo é um animal cobarde foge quando acossado pelos cães de guarda ao rebanho e só ataca o gado. O homem sim, é o lobo do próprio homem.

Tudo quanto precede fortalece a alma do transmontano, são dádivas do céu para toda a vida.

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Nota: Vou retomar este tema muito em breve. L.C.

19 de julho de 2025

A BARBÁRIE À SOLTA

Resultado das práticas dos senhores da guerra


Nuno Rogeiro acaba de colocar nas livrarias o seu último trabalho: «ABOMINÁVELMUNDO NOVO Entender o caos». Começa por nos dizer: “O mundo está a mudar a uma velocidade vertiginosa. Todos os dias somos confrontados com o que nunca julgávamos poder acontecer…”

N.R. é, quanto a mim, um analista que procura a verdade objetiva dos factos.

Revela-nos um Trump com um poder reforçado com as suas alianças negativas, geradoras do caos.

Voltou-se para terroristas Putin e Netanyahu, a barbárie à solta

Políticos e humanistas abordaram este tema procurando conciliar pontos de vista divergentes.

Foi o caso de Bento Jesus Caraça, destacado membro do PCP.

Dedicou grande parte da sua vida ao estudo aprofundado de Romain Rolland, um pensador em busca de uma “unidade humana”.

R. Roland tinha a visão do missionário que procura a fraternidade universal: «procurar o humano - sob todas as diversidades da casta, ir direito ao coração»…«Sob a diversidade do trajo, a fraternidade do sangue».

A frase de R. R. retirada do seu romance Alma Encantada: “Procurai a mais bela harmonia, essa que é o mel negro das dissonâncias» suscitou o empenho dos intelectuais e políticos do pós-guerra.

Álvaro Cunhal na homenagem fúnebre de Jesus Caraça recordou: “J. Caraça tinha na sua secretária uma fotografia de R. Rolland de quem se tornou amigo. Aconselhava os jovens a ler deste autor JEAN CHRISTOPHE”. [saliento que Cunhal era agnóstico e R. Rolland católico].

Tratava-se de conciliar ideologias opostas. Segundo R. Rollad, entre, “O poder fascinador das abstrações mortíferas, a mentira das ditaduras” em oposissão à sua “…consciência católica… em que as opiniões divergentes, em vez de se oporem se harmonizam”.

Schopenhauer também aborda este tema no seu livro COMO GANHAR UMA DISCUÇÃO sem precisar de ter razão.

É um pequeno livro, ronda as 100 páginas e vale a pena ler. Demonstra como o manipulador, movido por interesses pessoais, usa os truques da dialética, despreza a verdade objetiva dos factos e gera as Alianças Negativas que nunca obtêm resultados positivos. 

28 de junho de 2025

SERÁ QUE VAMOS ASSISTIR AO DESMANTELAMENTO DA EU!?


Em 17/07/2024 publiquei: https://pugadassis.blogspot.com/2024/07/o-resultados-das-aliancas-negativas-as.html

Reproduzo as primeiras linhas: 
«AS FORÇAS DOMINADORAS QUE DESTR0EM TUDO O QUE NOS RODEIA
Os países com democracias decentes consideram, finalmente, estar perante uma realidade que subverte a ética, a democracia e torna este mundo ingovernável, cada dia mais perigoso.
 Perante a urgência em refundir a democracia, tudo acaba sempre: “sine qua non”. Os discursos inflamados deixam tudo ainda pior.
As principais organizações internacionais como a NATO, ONU e EU, com regras caducas, há muito que também precisam de se restruturar, começando por atirar “borda-fora” o voto por unanimidade e fazer o mesmo quanto ao direito de veto no caso da ONU».
 

Decorrido um ano é agora urgente denunciar os agentes de Putin infiltrados na EU com o objetivo de a dividir, enfraquecer e desmantelar, à boleia da unanimidade.

É bom ter presente que um dos objetivos da EU foi assegurar uma paz duradoura e evitar uma 3ª. Guerra Mundial .

Um tosco provinciano, sem formação académica, reconhece que o “noivado” de Putin com Donald Trump deu lugar ao divórcio dos EUA com o aliado mais antigo, a Europa.

Teve o mérito de despertar os líderes Europeus. Amedrontados, correram para a Casa Branca de mão estendida, Ao encontro de quem despreza a importância da honra, da lealdade e da dignidade. Bateram numa parede. 

Das duas uma, ou os líderes da EU assumem esta realidade terminando com a unanimidade, pondo termo às ações subversivas de Viktor Orban, Robert Fico e outros infiltrados, ou estes senhores desmantelam a EU. 




18 de março de 2025

A BARBÁRIE SAGUINÁRIA QUE INVADE O MUNDO


Fotos da Guerra na UCRÂNIA



Vivemos o esplendor de uma hipocrisia mortífera

Escrevo no preciso momento do telefonema de Trump para Putin com vista à assinatura do Acordo para o cessar-fogo.

Seria melhor dizer que discutem a partilha das riquezas do solo da Ucrânia.

O desprezo de Putim pelas vidas de uma geração de jovens Ucranianos, Russos e da Coreia de Kim Jon-il, carne para canhão de uma guerra fratricida; pelo terror do genocidio de um povo; pela desruição de todo o seu parimónio, está na origem da barbárie sanguinária que invade o mundo. 

Vamos deixar que o Americano mais poderoso do mundo divida, ao telefone, as ossadas de vítima dilacerada pelo Russo o nazi mais perigoso do mundo. 

Enquanto aguardamos, vamos procurar esquecer que resvalamos para uma terceira guerra mundial e espreitar o quotidiano virulento do dia-a-dia caseiro, dominado pela cegueira dos interesses pessoais e partidários, com desprezo absoluto do interesse Nacional.

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«Duas “baratas” tontas, a andar para trás e para a frente, moribundas, batem uma contra a outra às Guerras do Alecrim e da Manjerona.

A Grande  Batalha teve lugar na Assembleia da Republica no dia 11 de março de 2025. Durou todo o dia. Estes protagonistas têm nome. 1º. – Nuno Santos, o “malabarista”, sempre à espreita de eleições favoráveis - resistiu vitorioso. 2º.  Luís Montenegro, o “galo encristado” , quem lhe terá soprado ao ego?- caiu vencido».

Vamos falar claro.

Não podemos escamotear o mérito do Governo de Luís Montenegro que produziu num ano melhores resultados que António Costa em 8 anos de governação. 

Basta o facto de no último mandato de António Costa, com maioria absoluta registar mês a mês a demissão de ministros por alegados atos ilícitos, de todo incompatíveis com as funções governativas.

Se isto não bastasse para ilustrar a «ética republicana socialista», também António Costa pediu a demissão.

Um seu amigo de confiança e seu secretário, arguido por ter na sua secretária pen com informação secreta do Estado e 75 mil € em notas.  

Ao contrário destes profissionais da política Montenegro é, em meu entender, uma pessoa séria, mas perdeu a confiança, virtude que leva tempo a consolidar, mas que se perde num mau momento.

Acresce que os resultados positivos do governo de Montenegro foram obra do governo a não é isso que está em causa, mas sim a pessoa de Luís Montenegro. 

Não lidou bem com a clarificação dos cenários financeiros da SPNINUMVILA, denunciados pelo Expresso de 7/3/25, bem como de outros casos por demais badalados.

Trata-se de situações incompatíveis com a ética inerente ás funções de um Primeiro Ministro. 

Arrastou consigo os seus ministros, a Aliança Democrática, mais grave ainda o Estado, prejudicando tudo e todos. 

O seu Partido, em lugar de procurar nos seus quadros uma solução vencedora, proclamou total apoio a Montenegro, candidato a 1º. Ministro. 

É de lastimar a falta de estratégia destes «Velhos do Restelo».

Responda Montenegro a todas as perguntas, virá sempre uma nova pergunta na medida em que não pretendem ser esclarecidos, o objetivo é grelhar Montenegro na brasa, indefinidamente, mesmo que ganhe as eleições com maioria absoluta.

Estão assim criadas condições favoráveis à atuação de milhares de “sanguessugas” que secam os cofres do Estado.

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Regressemos ao resultado do histórico telefonema, interpretado por uma floresta vibrante de comentadores, rádios, televisões, redes sociais, etc,etc.…

Sou levado a acreditar que um tosco provinciano possa estar enganado, mas o que observo com repulsa são abutres a devorar as ossadas duma vítima.