quinta-feira, 18 de julho de 2019

Queridos Pais


Maria de Lurdes Puga Assis Cordeiro - 16.03.1914-17.07.2019
Belarmino Augusto Cordeiro - 24.10.1904 - 24.11.1995
A minha Mãe partiu para o Reino de Deus ao encontro do meu Pai. 
«Rogai por nós Santa Mãe de Deus para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo»

sábado, 13 de julho de 2019

A SEIVA TRUPE ESTÁ DE VOLTA

Newsletter | Julho

Se alguém imaginou que a Seiva deixara de correr nas artérias do Porto, enganou-se!
Após um período conturbado pela inexistência de financiamento da DGArtes e após a ‘salvação’ que a Ministra da Cultura Graça Fonseca permitiu através de um apoio do Fundo de Fomento Cultural, a Seiva Trupe-Teatro Vivo lança-se de mangas arregaçadas para iniciar a temporada 19/20 em pleno. E começa, no próprio dia em que faz 46 anos O FUNERAL DE NERUDA (25 de Setembro), com o mesmo título na ante-estreia do texto de Luis Sepúlveda e Renzo Sicco, com encenação deste último.
Trata-se de uma coprodução com a companhia italiana Assemblea Teatro e os ensaios já tiveram lugar na sua primeira fase. E de Itália chegam os primeiros ecos.
Júlio Cardoso – que convidou Castro Guedes para dar continuidade ao projecto, assumindo, desde Abril, a Direcção Artística – regressa a palco interpretando a figura histórica e mítica do grande poeta chileno. Acompanham-no Clara Nogueira, Filomena Gigante, Joana Teixeira, Rui Spranger; e o barítono italiano Maurizio Leone.


E aí está de novo a Seiva: agora e sempre!



quinta-feira, 4 de julho de 2019

J`ACCUSE!... - Emílio Zola

Recordo a atitude de Zola, em contraste com a passividade dos nossos  pensadores e da própria sociedade civil, em presença do amontoado de mentiras que incendeiam e asfixiam a nossa existência.  
J´ACCUSE!...
É bem conhecida a carta que Emílio Zola escreveu ao Presidente da Republica de França, publicada no Aurore a 13 de Janeiro de 1898 e que este jornal titulou: (J´ACUSE!...)

Zola acusa cinco generais, as repartições de guerra e o 1º. Conselho de guerra de apoiarem e serem cúmplices de monstruosas maquinações, urdidas por militares que culminaram na condenação a prisão perpétua de um inocente, o capitão Dreyfus.

Só um espírito livre, dependendo unicamente da sua consciência, prestaria semelhante serviço à verdade, à justiça e à Pátria. 
Zola sabia que do ataque desferido às mais altas patentes militares, repartições de guerra e conselho de guerra resultaria uma acusação, julgamento e condenação.

Assim foi. Limitou-se a pedir: -«Que o processo se realize à luz do dia».

Desde logo foi desencadeada uma campanha de ódio contra Zola. Era urgente acusar, julgar, condenar e prender Zola. No mês seguinte à publicação da carta já decorria o seu julgamento. Tinha de ser rápido e impedir Zola de se defender no que o próprio governo de França colaborou.

As arbitrariedades de todo este processo revelaram, desde logo, a supremacia das forças armadas em questões de ordem politica o que conduziu à criação da Liga dos Direitos do Homem, mais tarde integrada na Federação Internacional de Direitos Humanos.

Zola foi condenado no 1º. Julgamento. No exílio, em Londres, viu confirmada e agravada a sua condenação num 2º. Julgamento.

Entretanto, foi descoberto o falsificador que levou à condenação de Dreyfus. Confessou o crime.

Contra tudo o que seria de esperar,  «O 2º. Julgamento de Dreyfus foi ainda mais monstruoso que o 1º……….. os militares que novamente o condenaram não poderiam ter nenhuma desculpa».

Entre 1906 e 1909, por ação de um novo Governo e de um novo Presidente da Republica, Dreyfus foi, finalmente, reabilitado e reintegrado no exército.
  
Zola faleceu em 1902, não chegou a saborear o resultado final da sua luta.

Em 1908 a Camara decidiu: «Em merecido preito aos méritos do escritor, mas também como reparação póstuma ao que fora condenado como difamador, quando na realidade se batia pela justiça, foi resolvido transladar as cinzas de Zola para o Panteão».

Zola não conhecia Dreyfus, posto ao corrente da sua inocência isso lhe bastou para enfrentar tudo e todos, com sacrifício e grande sofrimento, em defesa da solidariedade, da verdade, da justiça e da própria França.

Numa carta escrita à esposa de Dreyfus Zola refere: «O inocente condenado duas vezes, fez mais pela fraternidade dos povos, pela ideia de solidariedade de justiça, que cem anos de discussões filosóficas, de teorias humanitárias» e acrescenta: «Somos nós, os poetas que pregamos os culpados ao eterno pelourinho».

Decorreu mais de um século. Bem gostaria ver assim confirmado o ideal de Zola e que o seu grito de revolta atingisse as gerações seguintes de escritores e cada um de nós.

Entretanto, os gritos de revolta que me chegam é dos pais que perderam os filhos, na flor da vida, em praxes académicas e em exercícios militares, com julgamentos que nada esclareceram, ficando sempre tudo na mesma.

É das mulheres vitimas de criminosos "absolvidos" em tribunal com penas suspensas.

É das famílias que perderam os seus empregos, as suas casas e foram jogadas para a miséria, vitimas daqueles, bem pagos para administrar e governar, o que melhor fizeram  foi saquear as empresas, destruir famílias e afundar o pais.

E não se vislumbra o fim do calvário de uma população injustiçada.

O exemplo de Zola que desce à praça pública em defesa de um inocente, da Verdade, da Justiça e da Dignidade das Instituições é atual, não pode ser esquecido, constitui uma referência.

Decorreu mais de um século, muito embora as situações do presente  não configurem o caso Dreyfus, representam uma falta de referências e de valores a todos os níveis, uma ausência do sentido do humano, de solidariedade, de fraternidade e de uma passividade inqualificáveis.

É responsabilidade de todos nós denunciar os caluniadores, obriga-los a responderem pela falcidade dos seus atos. Responsabilidade maior ainda dos intelectuais e criadores em seguirem o exemplo de Zola, sair da zona de conforto e, sem temor, gritar bem alto a verdade e responsabilizar a justiça. 
Só assim contribuiremos para um Mundo Melhor.