quinta-feira, 11 de março de 2010

TEATRO RIVOLI – Património da Cidade do Porto



Aqui manifesto a minha concordância e o meu aplauso à noticia publicada no Público de 08.03.2010 Caderno Local Porto

A melhor forma de homenagear um artista será facultar-lhe condições para ele revelar a sua arte e simultaneamente sentir a reacção de todos nós, do público, razão de ser do seu processo criativo.
É nesta simbiose que o artista vai ao encontro do seu público e se aproxima da verdadeira arte, aquela que está em permanente luta contra os preconceitos, contra a mentira social, numa atitude que não consente a imobilidade e verdadeiramente revolucionária.
É este processo criativo que nos arranca das trevas, da floresta de mentiras a que nos pretendem subjugar e nos transporta para horizontes livres, incorruptíveis, onde é possível respirar o ar puro das altitudes.
Infelizmente a estes valores do espírito sobrepõem, em geral, as contabilidades e os números, que podem até ser verdadeiros, mas não têm qualquer relação com benefícios da verdadeira arte.
Mais grave ainda é o esvaziamento do sentido e da nobreza das palavras.
Criador, passou a ser qualquer desenhador de vestuário, mesmo que se trate de roupa interior.
Verdade, poucos sabem o que significa. Vive-se a convive-se com toda e espécie de mentira.
O “maior” passou a ser o que mais mentiras consegue debitar no mais curto espaço de tempo.
A própria televisão cultiva “pedagogicamente” a mentira. É ver programas como «Jogo Duplo» em que cada um apresenta o currículo o mais falso possível.
É neste preciso contexto que o verdadeiro criador adquire uma dimensão verdadeiramente revolucionária e espiritual.
O músico RUI VELOSO e o actor/encenador JÚLIO CARDOSO consagraram as suas vidas ao processo criativo,  com os olhos postos num mundo melhor.
Comemoram respectivamente 30 e 50 anos de carreira o que tem sido objecto de inúmeras e justas homenagens.
Satisfazer as suas reivindicações quanto à “devolução” do Teatro Tivoli, é a melhor homenagem que lhes pode ser prestada para a promoção da arte e proveito de toda a comunidade.
Ainda não há muitos anos tive o grato prazer de ver o meu amigo Júlio Cardoso, o músico Pedro Abrunhosa e muitos outros artistas acorrentados ao Coliseu do Porto na defesa do património cultural da cidade.
Saliento a dignidade com que, neste caso, a Câmara Municipal do Porto atendeu aos interesses culturais da cidade.
Desta forma, não quero acreditar, que relativamente ao Rivoli, os responsáveis municipais ignorem a vontade dos seus artistas e dos seus munícipes fechando-lhes as portas desta casa que por direito lhes pertence.